Descrição Técnica
Artista – Hunefer – escriba
Titulo – Papiro de Hunefer (Julgamento de Hunefer no Tribunal de Osíris)
Tipo de objeto – manuscrito
Descrição – Livro dos Mortos de Hunefer (Hw-nfr) quadro 3; vinhetas totalmente coloridas; borda colorida. A cena (vinhetas) mostra episódios do julgamento de Hunefer.
Data – cerca de 1275 a.C. (19ª Disnatia)
Material – Papiro
Técnica – pintura
Dimensões – Altura: 45 centímetros (quadro) Altura: 40 centímetros (máximo) Comprimento: 90,50 centímetros (quadro) Comprimento: 87,50 centímetros (máximo)
Escavadeira / Coletor de campo – Coleção de campo por: Antoine Barthélemy Clot
Findspot Encontrado / adquirido: Egito África: Egito
Museu – British Museum – Londres
Os rituais funerários acompanham os humanos há milhões de anos. Na sociedade egípcia antiga, eles eram complexos a fim de permitir que o morto revivesse em outra existência além-túmulo. Para isso, o corpo deveria ser preservado através de técnicas de embalsamamento e mumificação.
Osíres, o deus da fertilidade e da ressureição, por ter vencido a morte, representava o renascimento. Segundo uma das versões do mito, Osíris foi assassinado e esquartejado por seu irmão Seth que espalhou seu corpo pelo Egito. Ísis, mulher de Osíres, com a ajuda de Anúbis, Thot e Néphtys, conseguiu juntar os pedaços e devolver-lhe a vida.
Osíris é considerado a primeira múmia do Egito e, tendo ressuscitado, não mais voltou a habitar o mundo dos vivos, mas o dos mortos de onde julgava, em seu tribunal, os egípcios que morriam. Durante o julgamento, o coração do morto era colocado em uma balança com uma pena da deusa Maat. Se o coração fosse mais leve que a pena, o morto ganharia a vida eterna. Caso contrário, seria devorado por um animal com corpo misto de leão, hipopótamo e crocodilo, desaparecendo para sempre. Era a morte dentro da morte.
No Egito Antigo, o que chamamos hoje de “Livro dos Mortos”, era conhecido como “Livro para Sair à Luz” (Reu nu pert em hru) ou “Fórmulas para Voltar à Luz”. Colocados juntos às múmias, esses “livros” eram rolos de papiros com hinos, encantamentos, orações e fórmulas mágicas para ajudar os mortos em suas viagens para o além.
Os Livros dos Mortos eram escritos por escribas experientes e decorados por mestres desenhistas. Supõe-se que Hunefer, como escriba real, pode ter escrito o seu próprio Livro dos Mortos.
O trecho aqui retratado mostra a vinheta do julgamento no tribunal de Osíres. Acima, à esquerda, vemos Hunefer, de túnica branca, ajoelhado em adoração diante das divindades: Ra, Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Horus, Ísis, Néftis, Hu e Sia, e as estradas do Sul, Norte e Oeste.
Embaixo, no canto esquerdo, vemos Hunefer, com a mesma túnica branca, sendo levado por Anúbis, um deus com cabeça de chacal, para a balança do julgamento. Anúbis carrega em sua mão esquerda um ankh (símbolo da vida eterna) que dará a Hunefer se ele passar com sucesso pelo julgamento.
Mais ao centro, vemos Anúbis ajoelhando-se para ajustar o peso do prumo na balança. No prato esquerdo da balança está o coração de Hunefer, e, no direito, a pena. Esta pena pertence a Maat (personificação divina da verdade, ordem e ética). Maat está no topo da balança com uma pena saindo de sua cabeça. Abaixo da balança se agacha Ammit, o “Devorador dos Amaldiçoados”, acompanhado por uma pequena inscrição: “Sua frente é um crocodilo, seu traseiro um hipopótamo, seu meio um leão”.
Detalhe do Papiro de Hunefer
À direita, outra divindade, Thoth, com cabeça de íbis, segura uma caneta e uma paleta de escriba para registrar o resultado da pesagem. Neste caso, o coração de Hunefer foi mais leve do que a pena.
Finalmente, Hórus, filho de Osíres e Ísis, conduz o triunfante Hunefer a um santuário no qual Osíris está entronizado, acompanhado pelas deusas Ísis e Néftis. Os quatro filhos de Hórus estão sobre um grande lírio (lótus) que cresce de uma piscina de água abaixo do trono de Osíris. A composição é emoldurada na parte superior e inferior com linhas vermelhas e amarelas. Todo o texto que permeia o quadro está escrito em hieróglifos.
O Papiro de Hunefer, uma cópia do Livro dos Mortos, datado da 19ª dinastia, é mantido no Museu Britânico de Londres sob o número de inventário EA 9901.
Originalmente, tinha 5,50 metros de comprimento e 39 centímetros de largura, mas foi cortado em oito pedaços para fins de conservação. O julgamento de Hunefer é apenas um deles.
Fortaleza, 8 de dezembro de 2020
Coluna Medicina, Cultura e Arte
Autora e Coordenadora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.
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