Este escrito é uma instigação do pensamento; uma viagem e um caminho, da gratidão até o cerne da tempestade da dor mais profunda. Frequentemente, despercebemos o que temos; e sofremos muito pelo pouco que não possuímos. Imagino a tênue distância da mente sofrida para a serenidade, a separação inexistente ou o ínfimo detalhe, e o que não conseguimos decifrar.
Vejo também a flutuação da ignorância e do saber, a fome que cessa pra valer e a riqueza que se esconde em tantas míseras almas. E mergulho nas sombras de quem não enxerga, ou não crê, ou mesmo na mente das pessoas de boa visão, que nem sabem o que é ver. Nas profundezas do mistério do existir, o que há no âmago da bondade e do mal? Ou na gangorra vinda da mudança, ou na certeza cheia de sonho e esperança?
E mergulho fundo na necessária mentira pra mente, que comumente e insistentemente é reflexo do pretérito que passou; e que atualiza esse passado, sutilmente, no presente, espaço e na própria mente; forte, fraca ou ausente, e que irradia dor, no agora nosso de cada dia. Nesta imersão, na filosofia e ciência, no conhecimento, religião ou razão, revestido de paz e bons desejos, quisera ser constante observador, do que a vida ensina com fervor: a preciosa essência do amor. Colocar-se no lugar alheio e pescar nas profundezas do abismo do inconsciente a paz que flutua na humildade, e que se esconde no egocêntrico ser que vagueia as ações de todos nós.
E na bonança, imagino imergir no conflito do corpo doente e conseguir pescar a instância do aceitar-se, a mercê do indesejado limite. Esse é o mergulho; esconder medo, erro e orgulho; e fazer, e ser, aprender e agradecer.
Autor:
Russen Moreira Conrado
Cirurgião plástico e psicoterapeuta
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