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Saiba tudo sobre tratamento da fadiga e dispneia pós-COVID

A síndrome pós-COVID ou Longa Covid está aqui. Atualmente foi proposto um novo acrônimo, PASC, Pós-Aguda Sequela de Covid. Ela tem sido relatada pela imprensa leiga e por vários sites médicos não revisados ​​por pares, incluindo o Medscape. Pessoas com sintomas persistentes são chamadas de “longos transportadores”, e os efeitos persistentes da COVID-19 descritos até agora, envolveram quase todos os sistemas orgânicos, em mais de 200 diferentes sintomas. Como o COVID-19 é tão novo, ainda não existe uma imagem definitiva da “síndrome pós-COVID”. Neste comentário, no entanto, o autor se concentra na dispneia e na fadiga.

Como pneumologista e médico de medicina do sono, pacientes com essas queixas específicas, já estão se apresentando em sua clínica. A dispneia persistente e a fadiga, são os sintomas mais comuns relatados após a hospitalização por COVID-19. Isso não deveria ser necessariamente surpreendente, já que o vírus envolve principalmente os pulmões, e a síndromes da fadiga pós-viral não relacionada à COVID, já foram anteriormente bem descritas.

Ao avaliar os sintomas persistentes, é importante separar a fase aguda da fase de recuperação da doença. Não existe nenhum limite de tempo determinado ou biomarcador específico, para delinear uma fase da doença de outra. Para os fins deste artigo, o foco está nos pacientes que não estão mais hospitalizados, estão afebris e alcançaram algum grau de melhora sintomática. Eles atingiram um platô, mas apresentam dispneia residual ou uma fadiga suficiente, para afetar a sua qualidade de vida.

Também é útil considerar a gravidade inicial da doença, ao discutir os sintomas residuais durante a recuperação. Espera-se que os pacientes com COVID-19 que estão hospitalizados, e que tenham uma estadia prolongada, tenham um longo caminho para a recuperação. Isso é particularmente verdadeiro para pacientes que necessitaram de cuidados prolongados na UTI. A fadiga e a dispneia após a alta, serão afetadas pela natureza da lesão pulmonar inicial, por complicações associadas à hospitalização, pela duração da imobilidade e pelas comorbidades individuais do paciente. Em pacientes com doença grave, pode ser difícil separar a fadiga ou dispneia específica da COVID-19, do que pode ser esperado após qualquer doença grave que requeira uma hospitalização prolongada.

Dois relatórios observaram dispneia e intolerância ao exercício, em mais de 40% dos pacientes, 60-90 dias após a infecção aguda pela COVID-19. Outro estudo encontrou dispneia em 30% dos pacientes, 60 dias após a doença aguda. Infelizmente, não se sabe quase nada sobre a etiologia desses sintomas. Um estudo encontrou anormalidades na capacidade de difusão (47,2%), e um padrão de distúrbio ventilatório restritivo na espirometria (25%), como as anormalidades nos testes funcionais pulmonares mais comuns, aproximadamente 1 mês após a alta, em pacientes hospitalizados por COVID-19. A probabilidade de anormalidade na capacidade de difusão, foi relacionada à gravidade da doença.

A história da fadiga pós-COVID não é muito diferente. É certamente comum, vivenciado por mais de 50% dos pacientes em vários estudos. Uma pesquisa descobriu que a fadiga era comum em estudantes universitários, nenhum dos quais havia sido hospitalizado. Outro descobriu que os sintomas de fadiga não estavam relacionados à gravidade inicial da doença. Esses relatórios levantam preocupações de que a fadiga pós-COVID, não se limita àqueles que foram hospitalizados ou que tiveram doença moderada a grave.

Como a maioria das coisas com a COVID, não se tem ideia do que se está lidando. A maioria dos artigos que são citados são pré-impressos que dependem principalmente de respostas de pesquisas. Não são dados de alta qualidade. Além disso, sem exercício cardiopulmonar e teste objetivo do sono, é muito difícil caracterizar os sintomas de dispneia e fadiga. Então se está lidando com mudanças fisiológicas causadas por efeitos diretos do vírus, ou com a fase normal de recuperação, que se pode esperar após uma infecção grave de longo prazo?

Para responder a essa pergunta, se precisa de uma série de casos maiores e com testes mais objetivos. Até se ter esses dados, se fica apenas com especulações. Então, se crer que além dos pacientes admitidos com anormalidades documentadas nas trocas gasosas durante a fase aguda, a maior parte da dispneia e da intolerância ao exercício, estará relacionada a uma combinação de descondicionamento físico e de respiração disfuncional.

Vê-se um fenômeno semelhante com a síndrome de embolia pós-pulmonar.  Os efeitos neurológicos relatados após a SARS, de Síndrome de fadiga crônica/encefalomielite miálgica, também foram relatados com a COVID-19. Ainda assim, se leva 6 meses de sintomas crônicos que não melhoram com repouso, antes de se considerar um diagnóstico como SFC/EM. É muito cedo para se dizer se vai ver isso com a COVID-19.

Por enquanto, os médicos deveriam começar sua avaliação com um bom histórico de sono e uma avaliação do risco de apneia do sono. E, acima de tudo, recomendar que se respire fundo, se durma um pouco mais e que se tenha paciência.

 

Referente ao artigo publicado em Medscap

Dylvardo Costa

 

 

Autor: 
Dr. Dylvardo Costa Lima
Pneumologista, CREMEC 3886 RQE 8927
E-mail: dylvardofilho@hotmail.com

 

 

 

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