No século XVI, os colonizadores europeus chegaram à América mal alimentados, vindos em navios fétidos, imundos, desconfortáveis, abarrotados de pessoas, que suportavam todo tipo de infortúnio em busca do paraíso perdido.
Em busca do Eldorado, eles massacraram, escravizaram e dizimaram os índios (habitantes da América), vistos como canibais, sodomitas, inimigos da verdadeira religião, preguiçosos, ladrões, mentirosos e traidores.
Várias questões sobre os referidos índios foram levantadas: eram humanos? tinham alma? Em Salamanca, houve uma discussão acirrada para saber se os índios eram ou não bichos. Finalmente, chegaram à conclusão de que eram gente e que deveriam ser catequizados.
A Europa cristã se viu obrigada a salvar os índios pagãos. Os padres jesuítas resolveram, com a máxima boa intenção, acredito eu, salvar esses pagãos, catequizando-os. Acreditavam que os índios estavam mergulhados no pecado da nudez, da luxúria, da antropofagia, do incesto, da feitiçaria, da sodomia e do lesbianismo.
Os jesuítas embarcaram para o “Novo Mundo” com uma “sagrada missão”. Por mais que tenham se esforçado, as conversões dos índios foram superficiais e a adoção do cristianismo foi, também, superficial. Apesar de letrados, os europeus não compreenderam que a cultura dos índios não era inferior a deles e que, por isso, não deveria ser mudada.
Foi uma verdadeira tragédia a catequização dos índios, além de um terrível equívoco que levou a um grande genocídio e quase dizimação dos habitantes da América.
Os europeus trouxeram com eles várias doenças como: tuberculose, gripe, varíola, sarampo, malária, sífilis, gonorreia etc. Somadas às guerras, essas moléstias contribuíram, enormemente, para o extermínio de tribos indígenas. A conjugação catequese e contaminação, guerras de extermínio e escravidão reduziram drasticamente as populações indígenas.
Penso que os índios deram o troco aos europeus por tal extermínio, pois legaram ao homem branco o mortífero tabaco, que penetrou na Europa, em 1560, através de Jean Nicot, e espalhou-se rapidamente.
Mais de quinhentos anos se passaram e ainda lutamos para erradicar essa verdadeira pandemia, que ceifa milhares de vidas no mundo inteiro.
Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e Conselheira do Jornal do Médico.
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