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O que falta para a Covid-19 se tornar uma doença endêmica?

Alexandre Piva, explica os caminhos que a sociedade deve percorrer para que o vírus se torne endêmico

Desde que chegou, o coronavírus já infectou cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo, e mesmo com a vacinação avançando positivamente, o Sars-CoV 2 ainda representa uma grande ameaça, fazendo muitos indivíduos sonharem com o dia em que o vírus seja uma doença endêmica. Mas será que esse dia vai chegar?

Segundo o médico Alexandre Piva, o conceito de endemia, é quando uma doença ocorre de forma recorrente dentro de um número esperado de casos, e em uma determinada região onde a população convive com ela.

Um exemplo de doença endêmica é a gripe comum, vírus transmissível capaz de atingir a população rapidamente, sem causar grandes danos no infectado e que tem um aumento expressivo no número de casos a cada ano, mas que a população reage com mais resistência devido a vacinação anual para essa enfermidade que acontece constantemente.

O professor explica que a doença endêmica, não está relacionada a uma questão quantitativa, mas sim a uma incidência relativamente constante sem aumentos significativos de casos em épocas específicas do ano, diferente de uma epidemia, que ocorre elevado número de casos em diversas regiões, estados e cidades, ou a pandemia, que atinge diversos continentes.

Piva aponta que para o coronavírus se tornar endêmico, é necessário ter a maioria da população com concentração elevada de anticorpos neutralizantes, e para isso, a vacinação é a peça fundamental no momento atual.

“O avanço da vacinação é importante para detectarmos possíveis transmissores através da testagem em massa, diante disso, o isolamento e medidas de proteção como higienização das mãos e uso de máscaras, são indispensáveis. Também é importante aguardar o tempo de proteção gerado tanto pelas vacinas, quanto pela própria doença, além do surgimento de vacinas que contemplam novas cepas”, explica.

Alexandre Piva ressalta que no momento, é impossível pensar na erradicação da pandemia, segundo ele, é preciso uma vacina de altíssima eficácia para que não haja mais pessoas suscetíveis ao Covid-19. “Quanto mais rápido estivermos vacinados melhor, visto que de tempos em tempos, novas variantes podem surgir. A Ômicron, inclusive, já possui algumas sublinhagens, como a BA2”.

Apesar de prosseguir por um caminho diferente, o mais provável para o professor é que a Covid-19 tenha o mesmo destino do vírus HIV/Aids, que também causou pânico global nas décadas de 1980 e 1990, mas se tornou uma endemia graças a potentes antirretrovirais, profilaxias pré e pós-exposição, e também às campanhas de incentivo à testagem e uso de preservativos.

Por fim, o médico e professor salienta que assim como a Aids foi combatida com medidas preventivas, o mesmo precisa acontecer com o Sars-CoV 2. “E ainda assim é necessário manter a vacinação em dia com medidas de proteção contra o vírus, esses são os primeiros passos para o coronavírus se tornar endêmico”.

 

Conteúdo com a colaboração do infectologista, Alexandre Piva  (CRM 56400).

 

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