O “Pitié-Salpêtrière” é um hospital parisiense de assistência pública, localizado no 13º arrondissement da cidade. É o maior hospital de Paris, com seus 90 prédios distribuídos em 33 hectares. São 77 serviços agrupados em 10 áreas, incluindo emergências. Quase todas as patologias são tratadas lá.
A origem do “Salpètrière” remonta ao século XVII, quando, em 1656, o rei Louis XIV mandou construir um hospital para confinar mendigos e mulheres loucas. O local escolhido foi uma fábrica de pólvora para munição, salitre (salpêtre). Daí vem o nome “Salpêtrière”. Como fez nos “Invalides”, Louis XIV mandou, também, construir uma capela dedicada a São Luiz, uma das joias do “Salpêtrière”.
Em 1612, rainha Marie de Médicis construiu o hospício “Notre-Dame de la Pitiè”, no local de uma quadra de tênis em desuso. Neste local, hoje, fica a “Grande Mesquita de Paris”. O hospício foi erguido para prender mendigos, filhos de mendigos e órfãos. Em 1657, passou a ser dependente do “Salpêtrière”. Em 1911, novos edifícios do “Pitié” foram instalados ao lado do “Salpêtrière”. Em 1964, houve a fusão dos dois.
Curiosidades: Entre 1663 e 1673, Louis XIV enviou mais de 770 jovens francesas para o Quebec, a fim de contribuírem com a colonização da “Nova França”. Elas foram chamadas de “As Filhas do Rei”. 240 delas estavam confinadas no “Salpêtrière”. Isso fez do “Salpêtrière” um local de concentração, repressão e detenção de mulheres.
Em 1789, quando eclodiu a Revolução Francesa, o hospital Salpêtrière, o maior hospício do mundo, abrigava dez mil pessoas, e não tinha propriamente função médica: seus pacientes eram enviados para o “Hôtel-Dieu”.
Durante a Revolução, nos dias 3 e 4 de setembro de 1792, cenas sangrentas aconteceram no Salpêtrière, onde os indigentes loucos estavam amontoados.
Em 1795, o dr. Philippe Pinel (1745-1826) revolucionou o hospital defendendo o fim do espancamento e do acorrentamento das prisioneiras.
De 1882 a 1892, a “Escola de Salpêtrière”, liderada por Jean-Martin Charcot (1825-1893), foi, com a Escola de Nancy, uma das duas grandes escolas da “idade de ouro” da hipnose na França. Charcot, o pai da neurologia, foi também imortalizado em uma obra de Arte de André Brouillet (1857-1914), “Une leçon clinique à la Salpêtrière”.
Seu trabalho sobre hipnose e histeria, na “École de la Salpêtrière”, inspirou tanto Pierre Janet em seus estudos de psicopatologia quanto Sigmund Freud, no que diz respeito à invenção da psicanálise.
No final do século XIX, organizava-se anualmente um famoso baile no hospício Salpêtrière: o baile para as loucas, assim como um baile para as crianças epilépticas.
O maior hospital de Paris é repleto de história.
Em 1976, vários edifícios do Salpêtrière foram classificados monumentos históricos, como: a capela, o pavilhão de entrada, a antiga força, a rouparia, a farmácia, entre outros. Esses edifícios, construídos pelo Rei-Sol para esconder a pobreza de Paris, hoje trata mazelas dos parisienses.
Autora: Dra. Ana Margarida Arruda
Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia
Cearense de Medicina e Conselheira do Jornal do Médico.
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