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Com – Pai – Chão

Aqui falo do Pai; mas também, da autocompaixão que precisamos alimentar. Pai traz o segundo olhar para nos espelhar. Com ele aprendemos um precioso caminho a seguir. A figura paterna exprime e ensina o valor da confiança; e orienta a estrada do filho que busca coragem, força e esperança. Talvez, o algo que mais devamos fazer para equilibrar nossa consciência é pescar a autocompaixão escondida (onde a ilusão do existir de qualquer jeito quer fazer morada). O ser humano, em geral, se exige mais do que o normal; e se entrelaça no seu dia a dia, com a fatia da falta que incompleta seus desejos. O verdadeiro, vantajoso e rentável chão que o Pai nos orienta a pisar é trilhado e brilha pelo efeito do amar, e por tudo de bom que ele nos repassa no seu lecionar. Nesse chão que somos colocados, alimentemos sempre generosidade e autocompaixão; sobretudo, quando a culpa, a saudade e o preço do castigo quer nos incomodar; ou quando o medo, a perda e a vontade de mudar fica a nos insultar. Das entranhas alheias, nem sempre captamos estímulo, incentivo e entusiamo; achemos sim, nessa “Pai”xão pela vida, o firme passo oferecido pelo Pai, que consideramos um “Homem de aço”.

 

Por intermédio do meu Pai (esse nutritivo professor), aprendi a força do saber, e o poder da necessária essência do viver..!! Ele enfrenta a perda de um filho (meu anjêmeo protetor); e na iminência da incidência do primeiro ano completo dessa saudade, vivenciou e sofreu quedas físicas, limitação emocional e um pequeno hematoma intracraniano de outro acidente casual..!! Teve que se internar em ambiente hospitalar. Voltando para casa permaneceu se recuperando aos poucos. Fisioterapia todo dia. O amor passeando ali, aos montes. Um debruçar-se no limite do tempo – 89 anos completos – e um deleitar-se pelo valor de estar vivo. União familiar. Junção de forças para “enganar” o peso desse sentir, e a fatigante sensação desse penar..!! Cerca de três meses depois, Ele me chamou para conversar no leito caseiro, onde se recuperava, e me disse com o sábio fervor, e com a fervilhante humildade dum forte pai, cheio de vigor: “meu filho, sentimos muito a ausência do seu irmão; e você, mais do que Eu e do que sua Mãe; mas precisamos reagir, pelo bem das pessoas que estão do nosso lado”. O amor é nossa essência; e assim como uma flor traz aroma para todos. Ouçamos a força da voz, que o Pai carrega, na foz e no mar do seu poder.

 

Nessa autocompaixão, lembro do filho ausente; ou do Pai que partiu mais cedo, sem oferecer tempo para “acostumar” ou aceitar. Imagino o resplandecer, a claridade e a aurora daquilo que o Pai nos concebe, instrui e incorpora; e a falta, a carência e desacerto; decerto, um desalento que surge na sua ausência (precoce, ou não), ou na sua alienação (isso que acontece nas doenças psíquicas, demências e outras coisas mais). Com o Pai, sublime ser, também nos inspiramos, aprendemos e incorporamos em nosso viver, o verdadeiro chão do amor transformador; e anexamos ao sentir a essência que vem do sol do seu porvir (esse que ganhamos pelos conselhos e lições que assimilamos todos os dias, ou simplesmente pelo seu existir). Esse texto é um elogio e um agradecimento pelo admirável e divino valor de um bom Pai; esse que muda o que fomos, transforma como somos, e nos edifica nos instantes de dúvidas quando estamos. A chave da gratidão abre a porta de um grande tesouro. Pai, luz e chão de amor – ilumina-nos em nosso caminhar; na relva do sofrer, ou, na trilha do sobreviver e do continuar…

 

 

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