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O sofrimento do alcoolismo

Beber álcool não melhora o humor, pelo contrário, intensifica a tristeza. Alguns choram , outros no momento que conhecem alguém ,querem rapidamente superar sua dor e logo desejam uma companhia. A solidão dói na alma com várias garrafas vazias. É doloroso a busca incansável de ter alguém e você vai pulando de várias formas com o mesmo temor: Sofrimento, Dor .Depois de um momento inicial em que anestesia muitas das nossas inibições, torna-nos mais nostálgicos, aumentando a sensação de perda e turvando a esperança que se pode tirar da ideia de um futuro melhor. Embora pareça normal recorrer ao álcool durante a socialização, a sensação inicial de euforia e desinibição é tão breve quanto efêmera. Os cientistas até duvidam que beber proporcione uma verdadeira alegria a curto prazo. Hoje em dia, um bom número de pessoas (não apenas os jovens) consome grandes quantidades de álcool no fim de semana.

 

Paralelo a esse aumento, há um crescimento nos casos de ansiedade e depressão. Uma sombra silenciosa mas latente que altera gradualmente o bem-estar. A sociedade continua a alimentar falsos mitos e ideias distorcidas, como “beba para afogar as mágoas”. O álcool, por outro lado, altera vários mecanismos cerebrais, agindo temporariamente como sedativo. Nenhum problema é esquecido enquanto estamos neste estado, nenhuma dor é completamente dissipada ao sermos inundados de álcool. O álcool é um depressor, isso é fato. O problema é que o seu consumo está ligado principalmente a situações de lazer e relaxamento. Os adolescentes começam a beber por pressão social: “Se todo mundo faz isso, por que eu não deveria?” Quase sem perceber, acabam associando a saída a bebidas alcoólicas. Encontramos a mesma associação em pessoas que recorrem ao álcool como refúgio dos desafios da vida.

 

Um dia ruim, perder um ente querido ou o emprego te leva a buscar conforto na garrafa. Acreditar que você pode aliviar a tristeza com álcool é um ideal completamente errôneo que a ciência vem refutando há anos. Na realidade, beber álcool intensifica a tristeza. Não só nos faz sentir pior, mas também nos aproxima de um abismo onde podemos acabar perdendo o controle da realidade. Além disso, pode promover o aparecimento de diversos transtornos mentais.

 

Beber álcool, um sedativo de duplo efeito ,o ator Humphrey Bogart disse para não confiar em ninguém que não bebesse. É claro que a cultura construiu em torno do álcool um verniz de glamour que é bastante enganador. Normalizámos o acto de beber ao ponto de acreditarmos que é universalmente partilhado. Usar álcool em pequenas quantidades certamente tem um efeito sedativo e se nos deixa felizes é devido aos mecanismos inibitórios do cérebro. Beber, portanto, não oferece a verdadeira felicidade ou alegria, mas sim alivia o estresse, torna você mais extrovertido e facilita o vínculo social.

 

No entanto, as coisas mudam quando o consumo passa de funcional para disfuncional. Beber em excesso intensifica a preocupação, o baixo senso de controle e as emoções negativas. Beber álcool e depressão, o mesmo lado da moeda. Beber álcool não melhora o humor, apenas piora. Uma pesquisa da Universidade de Nairobi, no Quênia, afirma que a prevalência de depressão entre pessoas dependentes de álcool é de 63,8%. Muito alto, como se pode deduzir. Contudo, os investigadores também observam que não é fácil determinar o que vem primeiro: depressão ou alcoolismo? A linha é tão tênue que é quase impossível estabelecer a ordem correta.

 

Rossana Köpf – psicanalista

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