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Dados revelam como os médicos levam a dor das mulheres menos a sério do que a dor dos homens

Os médicos tratam homens e mulheres de maneira diferente quando se trata de dor, as mulheres esperam mais tempo no hospital para serem vistas, e são menos propensas a receber medicação para dor do que os homens, mostra um estudo comparando como a dor é percebida e tratada, em pacientes do sexo masculino e feminino.

 

Os resultados, publicados em 5 de agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, destacam como nossa percepção das experiências de dor dos outros, pode ser afetada por um viés inconsciente.

 

“Quando se queixam de dor, as mulheres são vistas como exageradas ou histéricas, e os homens são vistos como mais estoicos”, diz o co-autor Alex Gileles-Hillel, médico-cientista do Centro Médico da Universidade Hadassah-Hebrew, em Jerusalém.

 

 

Minimização da dor das mulheres

Gileles-Hillel e seus colegas, investigaram a extensão desse viés, nos departamentos de emergência em hospitais israelenses e norte-americanos. Eles analisaram mais de 20.000 notas de alta de pacientes, que vieram com queixas de dor “não específicas”, aquelas sem uma causa subjacente clara, como dores de cabeça, por exemplo.

 

A análise descobriu que, ao chegar ao hospital pela primeira vez, as mulheres eram 10% menos propensas a ter uma pontuação de dor registrada do que os homens, um número de 1 a 10, dado pelo paciente, que ajuda a informar os médicos sobre a gravidade da dor. Após a avaliação inicial, as mulheres esperaram uma média de 30 minutos a mais do que os homens para ver um médico, e eram menos propensas do que os homens, a receber uma medicação para a dor. Essa tendência foi consistente, independentemente do sexo do enfermeiro ou do médico. “As mulheres podem ter as mesmas visões estereotipadas que os homens, sobre a dor nas mulheres”, diz Gileles-Hillel.

 

Os pesquisadores também testaram como 100 profissionais de saúde perceberam a dor dos pacientes. Os participantes foram apresentados com um cenário de paciente com dor nas costas grave, e receberam informações clínicas prévias do paciente. Os perfis dos pacientes eram idênticos, com exceção do sexo. Os participantes consistentemente deram maiores escores de dor ao paciente do sexo masculino do que ao feminino.

 

“Uma das razões pelas quais vemos isso no contexto da dor, é porque não há medidas objetivas para a dor, então o médico tem que confiar no relato do paciente. Isso permite mais preconceitos”, diz Diane Hoffmann, pesquisadora de saúde da Universidade de Maryland, em Baltimore. Ela acrescenta que o problema deve ser destacado durante o treinamento médico, para equipar os médicos com uma melhor compreensão da dor e o potencial de um viés de gênero, ao tratá-la.

 

Uma solução mais imediata que Gileles-Hillel quer testar, é se o uso de sistemas de computador para gerar lembretes, pode ser suficiente para equilibrar a justiça, por exemplo, um alerta pode aconselhar um médico a prescrever analgésicos quando um paciente relatou um alto índice de dor, independentemente do sexo. “Os médicos não estão cientes desse viés”, diz ele. “A conscientização é uma solução.”

 

 

Referente ao artigo publicado em Nature

 

 

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