Estreio hoje como colunista do Jornal do Médico e agradeço o convite do seu editor, Argollo de Menezes, para que contemos histórias e discutamos temas de destaque para a classe médica e sociedade. O Jornal do Médico completa, em 2024, 20 anos e sempre se pôs na vanguarda da comunicação séria, responsável e relevante. Dando início, portanto, nada melhor que falar da boa pesquisa desenvolvida em nosso estado.
Na última semana uma notícia trouxe esperanças e orgulho para a população brasileira e especialmente para o povo cearense. No Jornal Brasileiro de Pneumologia (JBP), a principal revista de medicina respiratória da América Latina, foi publicado um artigo de autoria principal da Dra. Isabella Matos, orientada pelo professor Doutor Marcelo Alcantara, mostrando, a partir de uma análise retrospectiva, os benefícios que o capacete Elmo entregou aos que precisaram dele no Ceará na pandemia de Covid-19, em uma unidade semi-intensiva do Hospital de Messejana, unidade terciária especializada em cardiopneumologia.
O artigo intitulado “CPAP delivered via a helmet interface in lightly sedated patients with moderate to severe ARDS: predictors of success outside the ICU” busca avaliar uma entrega de oxigênio por um sistema pressurizado dentro do capacete Elmo, usando em conjunto com medicações intravenosas sedativas, para facilitar a adesão e aceitação da terapia respiratória. Os resultados encontrados foram animadores. O estudo, uma corte demonstrando que 79% dos pacientes que usaram o Elmo não precisaram de intubação orotraqueal. A intubação e o uso de ventilação mecânica não são problemas em si, mas precisar desses recursos significa que o paciente está mais grave e, portanto, com mais chances de complicações graves, inclusive, o óbito.
Este trabalho conduzido no Ceará, com um dispositivo inovador desenvolvido no nosso estado, o Elmo, por personalidades sérias da nossa ciência médica, com a cooperação de instituições como Senai, Esmaltec, UFC e outras mais, mostram que pesquisa de qualidade, com relevância social, pode e deve ser feita nas terras alencarinas. Um salve em especial ao RespLab, o laboratório da Respiração, que desenvolveu o Elmo desde a ideia e hoje aperfeiçoa essa inovação para que possa ajudar cada vez mais pessoas e tirá-las da insuficiência respiratória a partir do cuidado adequado.
Novos trabalhos são necessários para aprimorarmos a terapia com capacete, muito difundida na Itália, entretanto ainda muito restrita no Brasil e no mundo. A fundação Elmo, que está prestes a sair do forno, auxiliará, com captação e destinação de recursos para que os estudos continuem e toda a publicização e transparência seja dada. Que tenhamos o apoio dos setores político e produtivo, a fim de que tudo seja feito com a qualidade e o rigor devidos. Podemos, enquanto cearenses, jactarmo-nos com essas iniciativas que põem a medicina local no mapa da pesquisa de ponta em medicina respiratória no mundo.
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