Interessante tentar definir o que é saudade, quando estamos envoltos no mar da desesperança e na ventania da perda; e até mesmo, quando vivenciamos um tempo de progresso e prazer, associado a instantes de alegria, conquistas e lazer. Teria a definição de saudade um valor diferente, se considerarmos as variadas situações do viver..?? Decerto, para cada momento do existir, a singularidade e subjetividade de nossa individualidade trata de fazê-la desigual, em relação ao seu definir e ao que ela causa. A saudade chafurdada, certamente, desorganiza nossa condição de serenar a mente ou de aquietar a alma. Ela ocasiona choro, questões, desejos, limites, reflexões e novas ações; que seja nossa aliada no consolo e aceite de nossas emoções. Jamais devemos ser pequenas almas carregando grandes saudades.
Numa situação pontual, de buscar definir, triturar e traduzir o poder e a bravura da saudade, foi questionado para um grupo de crianças (que têm a verdade e a sinceridade como sublimes aliadas), o que seria essa expressão, ou o que representaria para elas essa definição..?? Uma das crianças, na sua singela e sincera lembrança, disse o seguinte: “saudade é a vontade de ver de novo”. Como é poderosa essa afirmação, quando indagamos ter a condição de reverter a imaginação, e conseguirmos rever quem queremos ver. De fato, a possibilidade de conversar novamente com quem amamos e não está mais nos caminhos da existência física (apenas espiritual), seria uma grande alegria e ofereceria uma nobre lição. SAUDADE – dialoguemos permanente”mente” sim, com quem nos antecedeu na eternidade.
O amor sempre será mais forte do que a morte, e do que a dor. Imagine se existisse um “comprimido do esquecimento”, que fosse capaz de barrar a percepção da saudade, e nos fizesse esquecer o amor que vivenciamos, e que nos causa tanto pavor pela dor que sofremos na nossa nova verdade..?? Será que alguém o tomaria..?? Já respondo sem hesitar, incorporando o pensar de todos – ninguém o faria. A experiência, o amor, a dor e o gemer ensinam a melhor viver. Saudade é um desejo de rever; uma sintonia com a alegria; um momento de prazer reagudizado; uma coisa que não se explica tão bem, mas que se sabe o que é sem precisar definir; é uma ilusão do existir e do estar aqui para bem-servir; é um espelho do amor misturado com o reflexo da dor; é uma profícua energia; um sol do pensar que consola a sombra do não compreender, é uma espantosa sensação, maior do que a palavra e a escrita são capazes de dizer. Vivamos a vida e a louvemos, mesmo embutidos por grandes verdades (que vamos descobrindo todos os dias), e por eternas máculas da saudade.
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