fbpx

Drogas contra a obesidade: grande estudo destaca novos riscos à saúde

Medicamentos de obesidade, como o Ozempic, foram celebrados por sua capacidade de tratar a perda de peso e uma gama surpreendente de outras condições, de problemas cardíacos à doença de Parkinson. Agora, uma análise de dados de quase 2 milhões de pessoas, está revelando novos estudos sobre os efeitos desses medicamentos, incluindo os riscos que eles representam.

 

Os resultados, publicados na revista Nature Medicine em 20 de janeiro, confirmam que esses medicamentos, chamados de agonistas do receptor peptídeo-1 (GLP-1) do tipo glucagon (GLP-1), oferecem mais do que apenas benefícios para a perda de peso. Mas o trabalho destaca os riscos recém-reconhecidos dos medicamentos, incluindo uma maior probabilidade de desenvolver artrite, e uma condição potencialmente mortal, chamada pancreatite.

 

Alguns pesquisadores dizem que o estudo não tem detalhes suficientes para tirar conclusões sólidas sobre benefícios e riscos. “Uma coisa é um benefício ou dano estar “associado” ao uso de GLP-1, outra coisa é se ele muda muito o risco”, diz Randy Seeley, especialista em obesidade da Universidade de Michigan em Ann Arbor, que não estava envolvido na pesquisa.

 

“No entanto, acho que esse é o tipo de dados, que ajudarão a orientar o uso real dessas drogas”, diz Seeley, que consultou e recebeu financiamento de empresas, que desenvolvem medicamentos para obesidade.

 

Avaliação de risco

O estudo concentrou os agonistas dos receptores GLP-1, incluindo o semaglutide, que é vendido como Ozempic, para tratar o diabetes, e agora é amplamente prescrito também para perda de peso.

 

“Mas ninguém investigou de forma abrangente, a eficácia e os riscos dos agonistas do receptor GLP-1, em todos os possíveis resultados de saúde”, segundo Ziyad Al-Aly, médico-cientista da Veterans Affairs St. Louis Health Care System, no Missouri, que liderou o trabalho.

 

Ao longo de cerca de 3,5 anos, Al-Aly e seus colegas, rastrearam mais de 200.000 pessoas com diabetes em uso de medicamentos GLP-1, e cerca de 1,7 milhão de pessoas com diabetes usando outros medicamentos para baixar o açúcar no sangue. Eles acompanharam os efeitos dos medicamentos GLP-1 em 175 condições de saúde.

 

Em comparação com outros medicamentos para diabetes, os medicamentos GLP-1, foram associados a um menor risco de dezenas de condições, incluindo doença cardíaca, acidente vascular cerebral e doença renal. Eles também reduziram o risco de transtornos psicóticos em 18%, a doença de Alzheimer em 12% e os transtornos de dependência em uma média de 13%.

 

“O que se destacou para mim foi um efeito consistente sobre os transtornos de dependência”, diz Al-Aly. Como as drogas GLP-1 atuam em regiões do cérebro, envolvidas no controle de recompensa e impulsos, elas podem ajudar a reduzir os desejos por tabaco, álcool, cannabis e opioides.

 

Mas o estudo encontrou riscos associados ao uso do GLP-1. Por exemplo, essas drogas foram associadas a um aumento de 11% no risco de artrite e um risco 146% maior de pancreatite, uma inflamação do pâncreas que pode levar a complicações com risco de vida. Estes são riscos recém-lançados, diz Daniel Drucker, endocrinologista da Universidade de Toronto, no Canadá.

 

Detalhes de dados

Al-Aly especula que os medicamentos, além de tratar a obesidade, podem influenciar o risco de muitas condições, porque podem agir em muitas partes do corpo, o que contribui para vários problemas de saúde.

 

“Esses dados são muito valiosos”, diz Seeley. Mas ele adverte que o estudo não controlou os participantes para fatores como idade e estilo de vida, sendo o tratamento, a única diferença. Sem isso, é difícil descartar diferenças inerentes nos grupos, que poderiam distorcer os resultados, diz ele.

 

Drucker também observa, que o estudo comparou a probabilidade de uma determinada condição entre os grupos, ao longo do tempo. Essa medida pode mostrar se as pessoas que usam medicamentos GLP-1, têm mais ou menos probabilidade de desenvolver essa condição, em comparação com pessoas que usam outros medicamentos para diabetes. Mas os profissionais de saúde estão interessados ​​em saber o número exato de eventos em cada grupo, para entender melhor o quão relevantes os resultados são para seus pacientes, diz ele.

 

Por exemplo, uma redução de duas vezes no risco de uma determinada condição seria significativa se diminuísse de 350 para 175 casos, mas se a redução fosse de 10 para 5 casos, teria pouca relevância clínica, diz Drucker. “Não consigo dizer pela forma como os dados são apresentados quais são os eventos absolutos para alguns desses eventos realmente interessantes”, diz ele.

 

Al-Aly diz que estudos futuros se concentrarão nesses números para doenças específicas. Como o trabalho atual envolve principalmente homens brancos mais velhos ligados ao Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, estudos em grupos diversos também serão importantes para confirmar as descobertas, ele diz.

 

Drucker também observa, que o estudo comparou a probabilidade de uma determinada condição entre os grupos, ao longo do tempo. Esta medida pode mostrar se as pessoas que usam medicamentos GLP-1, são mais ou menos propensas a desenvolver essa condição, em comparação com pessoas que usam outros medicamentos para diabetes. Mas os profissionais de saúde estão interessados em saber o número exato de eventos em cada grupo, para entender melhor o quão relevantes são os resultados para seus pacientes, diz ele.

 

Por exemplo, uma redução de duas vezes no risco de uma determinada condição seria significativa, se diminuísse de 350 para 175 casos, mas se a redução fosse de 10 para 5 casos, teria pouca relevância clínica, diz Drucker. “Não posso dizer pela forma como os dados são apresentados quais são os eventos absolutos para alguns desses eventos, realmente interessantes”, diz ele.

 

Al-Aly diz que estudos futuros se concentrarão nesses números para doenças específicas. Como o trabalho atual envolve principalmente homens brancos mais velhos, ligados ao Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, os estudos em diversos grupos, também serão importantes para confirmar as descobertas, diz ele.

 

Referente ao artigo publicado em Nature

 

Este post já foi lido166 times!

Compartilhe esse conteúdo:

WhatsApp
Telegram
Facebook

You must be logged in to post a comment Login

Acesse GRATUITO nossas revistas

Send this to a friend