Síndrome de Calimero: O que é?
Sentir-se constantemente vítima das circunstâncias, convencido de que o mundo conspira contra nós, nos leva a perceber a vida como irremediavelmente adversa, impedindo-nos de aproveitar oportunidades de crescimento e mudança.
“Síndrome de Calimero” refere-se a uma mentalidade de vítima que leva a vivenciar cada evento de maneira hostil. Assim como Calimero, o icônico personagem de desenho animado de mesmo nome, aqueles que têm esse problema tendem a reclamar com frequência, considerando-se vítimas dos outros e das circunstâncias. O termo “síndrome de Calimero” geralmente indica uma maneira de abordar a vida através das lentes da vitimização.
Como a síndrome de Calimero se manifesta :
A síndrome de Calimero é uma condição que pode caracterizar alguns períodos da nossa vida ou indicar, de forma mais geral, uma forma que algumas pessoas têm de encarar a realidade. Aqueles que vivenciam esse problema reclamam continuamente de si mesmos e dos outros, culpando forças externas, como má sorte ou “carma”, por sua condição.
Em particular, a síndrome de Calimero se manifesta com:
produzindo reclamações constantes, com o objetivo de invocar simpatia, em vez de desenvolver soluções;
uso de um filtro “negativo” na leitura da maioria dos eventos;
sensação de solidão e incompreensão sobre a própria condição;
pensar demais e ruminar sobre eventos passados;
senso crítico pobre, onde as próprias ideias raramente são questionadas, aceitando pontos de vista diferentes dos seus;
inveja e frustração em relação aos sucessos e condições de outras pessoas;
pouca empatia e sentimento de estar sempre “em dívida” com justiça e reconhecimento, negligenciando as emoções e necessidades das outras pessoas;
sensação de fracasso e derrota na comparação constante com os outros;
comunicação manipuladora e baseada na culpa;
abandono de responsabilidade por eventos passados, atribuição de culpa a pessoas ou circunstâncias além do controle e tendência a subestimar a própria responsabilidade ao lidar com o presente. Por que nos sentimos vítimas? O “locus de controle”
A tendência a se sentir “vítima” do azar, do destino ou de outras pessoas é manifestada por aqueles que costumam explicar os acontecimentos de sua vida atribuindo a si mesmos culpas externas, subestimando a responsabilidade pessoal tanto por terem contribuído para as condições que são objeto da queixa, quanto pela própria emancipação delas, sem precisar depender da intervenção de terceiros.
A maneira como as pessoas percebem o “centro de controle” de suas vidas tem sido chamada de “locus de controle” (Rotter, 1966). Aqueles que têm um locus de controle interno se veem como os principais arquitetos do seu próprio destino, vinculando o que acontece com eles às escolhas que fazem pessoalmente. Por outro lado, aqueles com um locus de controle externo tendem a acreditar que os eventos em suas vidas são determinados principalmente por fatores fora de seu controle, como sorte ou circunstâncias.
Ter um locus de controle interno ou externo pode impactar significativamente a motivação e o comprometimento pessoal. Aqueles que se percebem como os principais responsáveis pelos eventos em suas vidas têm mais probabilidade de resolver problemas de forma eficaz, administrar o estresse e alcançar a realização pessoal. Por outro lado, aqueles com um locus de controle externo, como no caso da síndrome de Calimero, podem frequentemente se sentir desamparados, exibindo comportamento passivo e humor deprimido. Muitas vezes, aqueles com essa atitude têm dificuldade em atingir seus objetivos porque a maior parte de sua energia é gasta em pessimismo e culpabilização, em vez de ações orientadas: se “tudo está indo mal de qualquer maneira”, eles não se preocupam com ações concretas para tentar perseguir os objetivos desejados ou melhorar suas condições.
Rossana Köpf – psicanalista
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