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Interoperabilidade e expansão da Saúde Digital são soluções para a sustentabilidade e gestão do setor

Warm up do Global Summit APM 2023 destacou que a tecnologia democratiza o acesso à Saúde, melhora a qualidade do serviço prestado e a jornada do paciente

 

“Interoperabilidade é, sem dúvida, uma das principais respostas para sustentabilidade e gestão de Saúde. A integração do cuidado do paciente depende da evolução que o setor tiver neste aspecto”, afirmou Lilian Quintal Hoffmann, diretora executiva de Tecnologia e Inovação da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ao participar do segundo Warm Up da 5ª edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, realizado em 20 de junho, na Associação Paulista de Medicina (APM).

 

O evento de aquecimento do GS APM 2023 – que será realizado de 20 a 22 de novembro, no centro de Convenções Frei Caneca, na capital paulista – reuniu mulheres líderes e experientes para debater as visões sobre a Saúde Digital.

 

Lilian pontuou que a interoperabilidade, sanada as questões técnicas, pode desempenhar um papel crucial na integração de informações de Saúde, melhorar a qualidade dos cuidados, a eficiência operacional e a tomada de decisões no setor.

 

“Ela pode ajudar no processo de não desperdício da Saúde, mas eu preciso interoperar olhando a informação para melhor atender a jornada do paciente. Com conhecimento do histórico, é possível, por exemplo, evitar repetição de exames laboratoriais ou de um processo já realizado e diminuir a sinistralidade”, explicou a diretora executiva da BP, lembrando que a concentração de dados auxilia o paciente a ter diagnósticos e tratamentos mais abrangentes.

 

Porém, para isso, é fundamental se preocupar com a segurança das informações e as melhores práticas baseadas em padrões elevados de interface de sistemas, seguindo todos os princípios de segurança preconizados na Lei Geral de Proteção de Dados.

 

Saúde da mulher

O momento atual da Saúde no País, na visão de Ana Clara Rabha, diretora médica da Tuinda Care, é de dificuldade. Os desafios da Saúde Digital perante as iniquidades na Saúde da mulher são muitos e os números demonstram isso e a necessidade de mudança para se ter eficiência e efetividade.

 

– 80% do consumo do lar é determinado pela mulher.
– 85% do consumo em Saúde é determinado pela mulher.

 

A cada uma mulher diagnosticada com um problema de Saúde feminino (menopausa, dismenorreia, endometriose e infertilidade), quatro não são diagnosticadas. Uma mulher com endometriose custa três vezes mais para o sistema de Saúde, em média.

 

Cerca de 20% das mulheres relatam que os profissionais de Saúde ignoram ou subestimam seus sintomas, contra 14% dos homens.

 

“Mas, como estamos treinando os nossos médicos, visto que a maioria dos que estão se formando são mulheres, que têm problemas femininos e não sabem diagnosticar mulheres?”, questionou Ana.

 

Com a necessidade identificada, fica a pergunta: qual a solução?

A diretora médica da Tuinda Care informou que as mulheres são 75% mais propensas a usar ferramentas digitais para atendimento médico do que os homens, e que este pode ser o caminho para a solução.

 

“O mercado feminino de Saúde é um grande consumidor, e as femtechs – empresas de tecnologia e software focados em Saúde da mulher – surgiram e demonstram um crescimento exponencial, com receita projetada para US$ 1.07 trilhão para 2026. Entretanto, as iniquidades seguem por aqui também”, lamentou Ana, revelando que uma a cada cinco mulheres trabalha com tecnologia; apenas cerca de 5% estão em posições de liderança; e menos de 3% do capital de risco vão para startups fundadas ou lideradas por mulheres.

 

Ainda assim, ela acredita que o primeiro passo foi dado e o caminho está sendo construído mesmo diante das adversidades.

 

“A Saúde Digital é o meio para democratizar o acesso à Saúde e reduzir as diferenças na qualidade do serviço prestado. A tecnologia pode proporcionar o cuidado certo, para a pessoa certa e no tempo certo. Para tanto, precisamos debater, educar e conciliar os interesses para um propósito em comum”, ressaltou Ana.

 

Experiência do paciente

Para Ana Claudia Pinto, Chief Medical Officer no Grupo Fleury | Saúde Digital, que moderou o Warm Up, a Saúde Digital pode contribuir para reduzir a complexidade no setor e melhorar a eficiência e a experiência do usuário final. Mas, para isso, ela disse ser importante que haja a cultura do engajamento aliado à tecnologia.

 

Isabela Abreu, CEO e fundadora da RedFox Digital, revelou que as soluções tecnológicas na área da Saúde possibilitam cada vez mais aos usuários terem um papel ativo dentro do próprio cuidado. Isso tem feito as instituições buscarem se aprimorar e serem mais efetivas na entrega da assistência à Saúde.

 

A experiência do paciente, segundo Isabela, é pautada em todas as etapas a partir do ponto de contato com o estabelecimento de Saúde, seja clínica, hospital ou laboratório, e a tecnologia atua como habilitadora dessa experiência que, cada vez mais, é digital.

 

“Os pacientes são digitais, nossa vida é digital em quase tudo. Então, como usar esta experiência para melhor a eficiência e a efetividade na Saúde?”, questionou a CEO da RedFox, respondendo que o paciente busca mais comodidade, mais agilidade, ter mais acesso a informações sobre o tratamento, o cuidado e sobre sua Saúde.

 

“Ele quer saber os exames que fez, seus resultados e ter o histórico dessas informações é muito importante. Mais uma vez, isso mostra a relevância da interoperabilidade para o sistema de Saúde e para o cuidado integral do paciente”, apontou Isabela, que ainda afirmou que a tecnologia e a Saúde Digital vieram para habilitar uma melhor experiência aos pacientes.

 

União do setor

Adriana Ventura, deputada federal (Novo-SP), autora do projeto que deu origem à lei nº 14.510/2022, que regulamentou a prática da Telessaúde em todo o País, comentou os benefícios e os desafios do setor de Saúde na área digital.

 

“No País, infelizmente, as coisas ainda acontecem a partir da vontade política. É preciso mostrar que existe um abismo entre a necessidade do dia a dia da população e o que de fato chega ao cidadão. As dificuldades existem após a regulamentação da Telessaúde e o nosso papel é ser a ponte e ajudar isso acontecer”, ressaltou a deputada.

 

A união de todos do setor, inclusive dos médicos, segundo Adriana, foi fundamental para superar a resistência à Telemedicina, tão importante durante a pandemia de Covid-19, quando ajudou a levar acesso e assistência a quem precisava.

 

Para a deputada, o debate deste tema evidenciou o quanto a Saúde Digital pode corroborar para melhorar a eficiência do sistema de Saúde brasileiro. Mas, para que isso aconteça, é necessário derrubar alguns obstáculos.

 

“Presido a Frente Parlamentar Mista da Saúde Digital e tenho como meta debater a questão do prontuário eletrônico e a expansão da Saúde Digital, mas temos encontrado obstáculos. Muito se fala em subfinanciamento da Saúde, mas nada é dito sobre desperdício. A Saúde Digital é uma necessidade premente, pois com ela damos acesso à população e podemos avançar ainda mais na assistência e no cuidado. Conto com a partição de todos do setor para podermos conquistar esse propósito”, concluiu Adriana.

 

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