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DIA DO MÉDICO – SALVE ARS MÉDICA…

“Nunca houve povos sem Medicina”

Gaius Plinius Secundus – Plínio, O velho

 

O profissional médico e a prática médica mundial tem sido revestidos de modificações, algumas de extrema intensidade, até que se alcançasse o patamar que se observa em nossos dias – tanto considerando o prisma técnico, quanto ético.

Com registros que alcançam os primeiros vestígios da presença do ser humano no mundo, a Medicina nasce com o primeiro gesto de solidariedade de um homem para com o outro, com o intento de auxiliar aquele que sofria e tinha doenças a tratar.

Ainda na pré-história; já eram executados rituais, precárias intervenções cirúrgicas (v.g., trepanações e amputação de falanges) e aplicação de fitoterápicos. Nesse momento, prevalece a crença no sobrenatural, que determina as enfermidades. Os sacerdotes eram os exclusivos “terapeutas”, que tentavam abrandar os humores divinos e a gravidade dos suplícios do Homo sapiens.

Na Antiguidade Ocidental; os tradicionais e sempre citados mesopotâmicos (Código de Hamurábi), egípcios (formação de especialistas e a 1ª médica), hebreus (circuncisões e condenação ao aborto), gregos (Asclépio, caduceu, as Escolas de Cnidos e de Cós, com o indefectível juramento Hipocrático), além dos romanos (alopatia, os valetudinários e as formulações galênicas) constroem um arcabouço de inovações nas quais já denota o médico como homem de cultura e escala diferenciada, na organização da sociedade.

Com o subsequente período medieval; percebe-se a necessária formação médica em ambiente especializado (faculdades), fundam-se as casas de hospedagem para doentes – os hospitais – além da cristalina percepção do contágio de diversas enfermidades. Nascem as corporações ou guildas médicas, com escopo de defesa dos interesses de seus membros e ajuda mútua.  O médico, uma vez mais, diferencia-se com trajes e locais próprios para exercício da sua arte.

A idade Moderna se descortina com o fortalecimento do método científico. Vultos como Andreas Vesalius (Anatomia) e William Harvey (Fisiologia) anunciam novas percepções a assistência dos esculápios. O aperfeiçoamento do partejar (Obstetrícia), o tratamento para males como a malária, a imunização/vacinas e novos discernimentos sobre a Doença Psiquiátrica são consequentes ao “novo mundo” e ao “novo homem”. Oportuno mencionar o escocês John Gregory e seu Lectures on the Duties and Qualifications of a Physician, que desenvolve um sistema de conduta verdadeiramente ético – no sentido filosófico – para o médico. Torna-se consistente a atividade médica como digna de atenção e respeito pela sociedade; considerando os benefícios que, manifestamente, traz ao seio social.

No desabrochar do século XIX e granjeando nossos tempos, é de clareza solar a evolução que o exercício da Medicina carrega: Wilhelm Röentgen, Rudolf  Virchow, Claude Bernard, Robert Koch, Raymond Sabouraud, o “Século dos Cirurgiões”, os antibióticos, os hormônios, os transplantes de órgãos e tecidos, as técnicas de reprodução assistida são marcantes fortalecimentos técnicos, sem olvidar a crescente preocupação com a deontologia aplicável, frente a publicação de diversos Códigos de Ética Médica, a Declaração de Genebra e tantos outros documentos que norteiam os facultativos.

No Estado do Ceará; desde as iniciais práticas médicas pelos silvícolas, passando pela leitura de tratados terapêuticos por padres jesuítas; além das pioneiras missões militares e religiosas que aqui aportaram com médicos europeus, muito floresceu a ars médica. Nas terras alencarinas: o Hospício da Ibiapaba, o Hospital da Jacarecanga, Dr. José Lourenço (1º médico cearense), O Visconde de Saboia (sobralense, diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e obstetra em um dos partos da Princesa Isabel), as Santas Casas de Misericórdia (em Fortaleza e no interior do Estado), os Cursos de Medicina (do inicial, em 1948, atual da UFC até os 08 em funcionamento, em nossos dias); as instituições médicas com atuação própria (CREMEC, SIMEC, AMC, Academia Cearense de Medicina, SOBRAMES/CE, dentre outras); a prática médica cearense se ombreia com múltiplos serviços de referência, nas especialidades dos discípulos de Esculápio.

Face ao exposto, o 18 de Outubro –  Dia do Médico, além das necessárias efemérides e congratulações; torna-se momento oportuno para resgatar e valorar o realizado por admiráveis médicos que nos antecederam e tal qual a perspectiva de Janus – a divindade da mitologia romana que, com sua face dupla, simboliza o passado e o por vir – perguntarmo-nos: qual o futuro que desejamos a Medicina? Em que posso contribuir nesta construção almejada?

 

Renato Evando Moreira Filho – Conselheiro Corregedor de Sindicâncias do Conselheiro Regional de Medicina do Estado do Ceará.

Professor de Medicina Legal, Direito Médico e Ética Médica/Universidade Federal do Ceará.

 

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