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Artigo: Cuidando do Cuidador Durante e Pós-Covid

Lançar um olhar mais amoroso sobre a vida do profissional de saúde, reconhecer sua dedicação, seu esforço e seus méritos no trabalho realizado no decorrer da pandemia é algo necessário e urgente no atual contexto. Os aplausos ficam na memória, o paciente se vai. A equipe fica, ali, no mesmo ambiente, comprometendo sua qualidade de vida por conta das precárias condições de trabalho, jornadas fatigantes, muitas vezes com baixos salários, múltiplos empregos e vivendo situações de ausência da família. Ali são negligenciados seu cansaço pela luta incessante, e os aspectos subjetivos que se dissolvem em meio à rotina de trabalho.

 

Chegou a hora de preencher essa enorme lacuna que existe na área da saúde: o cuidado e o zelo com quem dedica(arrisca) sua vida  a cuidar de outros. Nesse sentido, a valorização do trabalho do profissional é tão necessária quanto o zelo pela sua saúde e bem-estar. A prática de hábitos saudáveis como alimentação adequada, exercícios físicos e lazer, pode ser complementada com o desenvolvimento de potencialidades humanas artísticas, culturais e a espiritualidade.

 

Sim, os profissionais de saúde fizeram sua escolha profissional por identificar-se com o ser humano, pela empatia, pelo desejo de acolher a dor do outro, de auxiliar, abrandar o sofrimento. Mas, é preciso lembrar que muitas vezes estão vulneráveis ao envolvimento emocional com o sofrimento humano, principalmente, num momento como esse, diante de uma pandemia. Convivendo com a difícil situação da saúde pública, a nível local, nacional e internacional, muitas vezes os profissionais sentem-se cobrados, responsabilizados pela garantia da qualidade da assistência.

 

Nesse cenário, torna-se cada dia mais comum o adoecimento dos trabalhadores da saúde. O movimento pela humanização da prática médica, das equipes de saúde, não é novidade, mas é importante fazer algo agora. É importante que estes profissionais despertem para uma transformação interior. Cada um fazer isso por si mesmo. Incorporar o princípio do auto-cuidado em seu dia-a-dia, onde estiver. Começar com a semente da percepção de si mesmo, a auto-empatia, auto estima, no sentido de estimar a si, se aceitar e amar verdadeiramente.

 

Não esperar que seja valorizado e reconhecido. Olhar para dentro e se ver com bons olhos. Oferecer a si mesmo seu melhor sorriso, seu abraço e seu carinho. E, assim, ao olhar em volta, perceber seus colegas e colaboradores com esse mesmo afeto. Dar um abraço fraterno, uma escuta, oferecer o ombro amigo.

 

E fazer o possível para que esses valores da autoestima, do autocuidado, de cultivar os vínculos saudáveis estejam presentes na formação dos futuros profissionais de saúde, nas próximas gerações pois, cuidar de si e cuidar do outro é também cumprir o mandamento divino: Amai ao próximo como a si mesmo. E,  nesse desenvolver a prática de cuidar de si como quem cuida de um filho querido.

 

A propósito, é importante ressaltar o significado da presença paterna na vida de cada um de nós.

 

O pai é aquele que guia o filho em direção ao mundo. A importância da relação pai-filho vai se construindo a cada dia, em cada gesto, atitude, exemplo, até que o pai se torna um modelo de referência. O filho se espelha pra seguir esse modelo,  a filha buscará um parceiro que lembre  seu pai. Um modelo de pai inspirador permanece por toda a vida.

 

O atual momento é uma oportunidade de rever as falhas que porventura tenha cometido com seus filhos e lhes oferecer agora o melhor de sua presença. Conversando, compreender suas vontades e necessidades, dando exemplos para a vida: 1.pai como centro da autoridade: regendo com bom senso e coerência os passos iniciais do filho; 2.Maturidade emocional: Ter empatia com os folhos, não competir com eles, não precisar impor uma força a mais, desnecessária, quando o diálogo resolve;3.Revelar o amor escondido: manifestar o afeto com palavras e atos, dizer a cada filho sua importância na família, reconhecer o valor de cada um e sentido e o significado de sua existência; 4. Gratificar: deixar claro para eles sua gratidão pela evolução que eles proporcionam. Honrar seus próprios pais para que os filhos vejam como ser e fazer no futuro. 5. Mostrar um caminho da espiritualidade: Reconhecer diante dos filhos a Presença Maior do Criador, para que possam a Ele recorrer em momentos de necessidade e sentir que são verdadeiros filhos, numa caminhada, junto com toda a humanidade.

 

  1. Autoridade

A figura do pai se torna um centro de autoridade, regendo a ordem e nos ensinando a nos impor na vida. Entretanto, isso pode colocá-los em posição de incompreensão e julgamento por partes de algumas pessoas. Porém, a criação saudável nos ajuda a termos disciplina e segurança.

 

  1. Amadurecimento

Como aberto linhas acima, eles nos ajudam a crescer e nos construirmos socialmente, amadurecendo nossa postura. Para alguns significa abandonar o papel lúdico do herói criado no coração dos filhos.

 

  1. Ajuda

De um modo mais generalizado, os pais ajudam a cuidar e prover aos filhos nos mais variados aspectos. Com a ajuda deles aprendemos a encontrar um limite, fazendo isso por nós até quando necessário. Quando aceitamos isso, a lição é mais acessível, ao contrário do que a vida faz conosco.

 

Visão do pai para Bert Hellinger

A importância do pai para Hellinger era tão fundamental quanto da mãe, sendo equivalente nisso. Embora possuam tarefas específicas, os dois são os pilares do desenvolvimento das crianças. O pai nos ajuda no mundo e a nossa mãe se mostra como o centro da nossa vida.

 

Porém a mãe não pode sair do posto natural dela e assumir o lugar do pai porque não consegue. Em suma, o pai representa o espírito, a vontade de fazer e se arriscar e é um amor diferente do materno. Com isso, acaba expandindo o que a mãe trouxe antes, ampliando os limites da função dela.

 

 

Mesmo que assuste, a liberdade dada por ele é importante aos filhos para que percebam o mundo e sejam mais completos. Nisso, quando a mãe afasta os filhos do pai, impede também que eles possam progredir. Assim, o movimento passa pela mãe, chega no pai e se direciona aos filhos e depois o mundo.

 

A recusa pelo pai

Quando fazemos a recusa do pai acabamos deixando de lado também a autoridade aprendida com ele. Dessa forma perdemos a aula de como nos impor no mundo, ficando a mercê das escolhas de terceiros. Sem contar que a idealização da figura dele se torna palco de conflitos quando o assunto vem à tona.

 

Para retornar ao poder dado pelo pai é preciso entender o que o move pessoalmente, onde está o amor escondido. Em vez de apenas imaginar, é entregar o tamanho que lhe cabe. O pai para Bert Hellinger merece um crédito, pois tem os seus próprios emaranhados e é preciso vê-lo como alguém comum.

 

 

Autora: Dra. Francinete Giffoni

Médica pela Universidade Federal do Ceará, fezesidência médica em Psiquiatria, e possui Mestrado e Doutorado em Educação pela UFC. Além disso, também é especialista em Terapia Familiar Sistêmica. 

CREMEC:4460 RQE: 5947

 

 

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