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ARTIGO: COVID-19 novamente? O que se deve saber

Os pesquisadores descobriram que um homem contraiu o novo coronavírus uma segunda vez, meses após sua doença original. O caso sugere que a reinfecção pode ocorrer alguns meses após a recuperação de um ataque inicial de COVID-19. No entanto, parece que seu sistema imunológico protegeu o homem de sintomas graves.

Um homem de 33 anos em Hong Kong contraiu o novo coronavírus uma segunda vez, apenas 4 meses e meio após se recuperar de sua primeira infecção. Embora histórias anedóticas sobre potenciais reinfecções tenham circulado recentemente, este é o primeiro caso documentado de reinfecção com o novo coronavírus, o SARS-CoV-2, que causa COVID-19. Pesquisadores da Universidade de Hong Kong sequenciaram o vírus e determinaram que o vírus por trás da primeira infecção do homem, era uma variante diferente da que desencadeou a segunda infecção. O caso sugere que a reinfecção pode ocorrer alguns meses após a recuperação de um ataque inicial de COVID-19.

Os especialistas em saúde concordam, porém, que muito mais pesquisas são necessárias para determinar quais aspectos são comuns para haver as reinfecções. As descobertas foram divulgadas em um comunicado à imprensa esta semana. As páginas do estudo, que foi aceito pela revista Clinical Infectious Diseases, mas ainda não foi revisado por pares ou publicado, estão circulando no Twitter.

 

Como as duas infecções diferiram

A primeira infecção do paciente foi diagnosticada em 26 de março de 2020 e incluía tosse, dor de garganta, febre e dor de cabeça por 3 dias. Ele foi hospitalizado em 29 de março e liberado em 14 de abril, quando apresentou dois testes diagnósticos pelo RT-PCR negativos.

O homem testou positivo uma segunda vez depois de voltar da Espanha para Hong Kong, 4 meses e meio após a sua primeira infecção. Embora ele tenha testado positivo novamente para SARS-CoV-2, sua segunda infecção permaneceu assintomática durante todo o curso. Ao sequenciar o vírus por trás de cada infecção, os pesquisadores determinaram que as infecções foram causadas por diferentes variantes do novo coronavírus.

Todos os vírus sofrem mutação e são uma forma de distinguir que se trata de uma nova infecção e não de uma disseminação prolongada da anterior, explicou o médico infectologista e pesquisador sênior do Centro de Segurança de Saúde da Universidade Johns Hopkins. Usa-se o sequenciamento como uma impressão digital, afirmou.

Este é o primeiro caso documentado de uma reinfecção de SARS-CoV-2, mas especialistas em saúde suspeitam que o paciente não é o único a contrair o novo coronavírus duas vezes. Provavelmente outras pessoas foram infectadas duas vezes, mas foi necessário um caso especial, com uma variante rara e bastante distinta do vírus, além de sequências completas de ambos os vírus para poder dizer com certeza, disse.

 

O que sabemos sobre imunidade

A evidência inicial sugere que as pessoas têm alguma proteção após a recuperação de uma infecção por SARS-CoV-2. Um relatório analisando um surto ocorrido a bordo de um navio de pesca, descobriu que alguns marinheiros que já haviam testado positivo para os novos anticorpos contra o coronavírus, não contraíram reinfecções. Outro estudo avaliando 34 pessoas com diagnóstico de COVID-19, descobriu que os anticorpos protetores podem não durar muito e podem diminuir em apenas 3 meses.

Os autores enfatizam que não lidamos com este coronavírus por muito tempo, então os cientistas ainda estão descobrindo que tipo de imunidade de longo prazo as pessoas terão. De acordo com eles, a imunidade a outros coronavírus geralmente dura cerca de um ano, mas às vezes, isso é mais curto (6 meses) ou mais longo (2 anos).

Este é apenas um caso, mas provavelmente devemos olhar para a imunidade ao SARS-CoV-2 da perspectiva de outros coronavírus, com a queda rápida de anticorpos e reinfecção sendo comuns, sugerem os autores. É importante notar que este estudo de caso isolado provavelmente não pode ser aplicado à população em geral. Ainda não está claro se a reinfecção pode ser uma ocorrência comum ou um evento raro. É muito difícil extrapolar a partir de um estudo de caso de um paciente que não foi revisado por pares ou publicado em um jornal médico, concluem.

A quantidade de glóbulos brancos e anticorpos varia muito em pessoas que tiveram a doença, então pode-se presumir que a duração da imunidade varia de pessoa para pessoa. Em geral, as pessoas mais doentes tendem a desenvolver uma resposta imunológica maior, que dura mais tempo. A imunidade de quem contrai uma infecção mais branda diminui mais rapidamente, dizem os pesquisadores.

 

As reinfecções são geralmente mais brandas

Os autores não estão surpresos que o paciente não tenha apresentado sintomas na segunda vez, pois isso é comum com outras reinfecções por coronavírus. Os pesquisadores suspeitam que a primeira infecção pode preparar a imunidade de uma pessoa para combater uma segunda infecção. Pode ter havido outras partes de seu sistema imunológico que não foram verificadas no momento, células B de memória ou células T talvez, que ainda se lembram da primeira infecção e foram capazes de ajudar a combater a segunda, dizem.

Com outros vírus como o rotavírus ou a poliomielite, uma pessoa pode contrair infecções repetidas vezes, mas as doenças subsequentes provavelmente serão menos graves. Então, em geral, a segunda e a terceira infecções tendem a ser menos graves e isso pode estar relacionado com a sua resposta imunológica. Mas ainda não se sabe exatamente sobre como isso funciona. Há a questão de se isso vai se manter com o SARS-CoV-2 ou apenas com certas variantes ou mutações, acrescentam. O SARS-CoV-2 ainda não sofreu mutação significativa, mas sempre existe a chance de que venha a ocorrer.

 

Como isso pode afetar uma vacina?

De acordo com os pesquisadores, os primeiros resultados de testes clínicos com vacinas sugerem que a vacina produz menos imunidade do que uma infecção. Porém mais testes são necessários para confirmar o nível de imunidade que a vacina produz, embora a reinfecção possa ser possível, apenas alguns meses após a vacinação. Se for esse o caso, as pessoas podem precisar de doses de reforço, periodicamente.

Em outras viroses, como na vacina contra o sarampo, você pode tomar a vacina uma vez e está praticamente protegido para o resto da vida. Mas esse não é o caso com todos os vírus. Com a poliomielite, por exemplo, depois de ser vacinado, você pode contrair infecções repetidas vezes. Você provavelmente não terá pólio paralítica novamente, mas uma reinfecção é possível.

A imunidade alcançada por meio de certas vacinas diminui com o tempo. Isso significa que as pessoas vacinadas podem eventualmente contrair infecções. E mesmo que essa reinfecção seja mais branda ou assintomática, como tende a ser, essas pessoas ainda podem transmitir o vírus para outras pessoas que nunca foram expostas ao vírus.

 

E quanto à imunidade do rebanho?

Normalmente, uma doença pode ser erradicada quando a maioria da população está imune a ela, um conceito chamado de imunidade de rebanho. Mas a maioria dos cientistas no campo do coronavírus tem sentido que a imunidade coletiva pode não ser possível com este novo coronavírus.

Se as pessoas perderem seus anticorpos protetores em apenas alguns meses, a imunidade coletiva pode ser quase impossível de ser alcançada, não importa o número de pessoas que tiveram uma infecção por SARS-CoV-2, de acordo com os pesquisadores. Mas há muitos fatores em jogo, e os anticorpos por si só não determinam a capacidade de uma pessoa de lutar contra uma infecção subsequente.

Tudo dependerá de quão contagiosa uma pessoa será com uma segunda infecção e; se as segundas infecções forem leves, isso diminuirá o risco de uma doença grave ocorrer, caso a população venha a ser novamente exposta, dizem. Como é o caso com todos os coronavírus, aqui também incluído o COVID-19, mais tempo e mais pesquisa são necessários, para entender a ameaça de reinfecção e seu impacto sobre uma vacina e na imunidade de rebanho. Dado que este vírus ainda nem completou um ano inteiro no mundo, estamos aprendendo um pouco a cada dia, e muito rapidamente, afirmam.

 

O resultado final

Um homem de 33 anos em Hong Kong contraiu SARS-CoV-2 uma segunda vez, apenas 4 meses e meio após se recuperar de sua primeira infecção. Embora histórias anedóticas sobre potencial reinfecção tenham circulado recentemente, este é o primeiro caso documentado de uma reinfecção por SARS-CoV-2. Os pesquisadores querem determinar se as reinfecções são eventos comuns ou ocorrências raras, para entender melhor como elas podem afetar uma vacina e a imunidade do rebanho.

 

Referente ao artigo Sim, você pode obter o COVID-19 novamente: o que saber. Publicado na revista Healthline.

 

Dylvardo Costa

 

 

Autor: 
Dr. Dylvardo Costa Lima
Pneumologista, CREMEC 3886 RQE 8927
E-mail: dylvardofilho@hotmail.com

 

 

 

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