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ARTIGO: Práticas esportivas e lesões ortopédicas na pandemia

O ano de 2020 foi marcado na história da humanidade pela pandemia do coronavírus, talvez a maior pandemia da história da humanidade. A tentativa de controle da pandemia exigiu modificações nas rotinas e estilo de vida das pessoas com uma intensidade e rapidez sem precedentes, atingindo todas os aspectos de nossas vidas.

Sem dúvida, uma das práticas mais afetadas foi a prática esportiva, seja profissional, competitiva ou de lazer. Torneios esportivos foram cancelados por meses e os atletas afastados dos seus treinos coletivos. As partidas, retomadas recentemente, disputadas sem público presente. As Olímpiadas de 2020, no Japão, foram adiadas. As academias foram fechadas. Durante a fase mais rigorosa, foi instituída a quarentena, até mesmo compulsória em algumas partes do mundo. De qualquer maneira, em todo o mundo foi recomendado que as pessoas evitassem sair às ruas por qualquer motivo.

 

A quarentena

Durante a fase mais rigorosa foi recomendado, ou mesmo obrigatório, o isolamento social. Desta forma, pessoas que praticavam exercícios de rotina não puderam mais fazê-lo e pessoas que não praticavam exercícios ou esportes tiveram seu gasto calórico e atividades físicas ainda mais reduzidos. A pandemia do coronavírus foi agravada pela pandemia do sedentarismo. Estima-se que, em trinta dias de repouso, sem atividade física, haja uma perda do VO2 máximo e da força muscular superiores a 20%, aumento da dislipidemia e redução da sensibilidade à insulina.

 

Home office

 A pandemia da COVID-19 acelerou mudanças na sociedade, que talvez fossem implementadas de qualquer forma devido a inovações tecnológicas, mas ocorreram em velocidade impressionante. Uma dessas principais mudanças é o trabalho remoto ou home office. Muitos trabalhadores passaram a exercer suas funções nas suas próprias casas, e a falta de ergonomia adequada causou uma grande quantidade de problemas como dores posturais, lombalgias, cervicalgias, entre outras. O home office com o uso do computador, sem uma mesa de trabalho e cadeira apropriadas, foi o responsável por estes casos. Aos poucos, empresas e funcionários se conscientizaram disso e investiram nestes recursos para si ou seus funcionários, da mesma maneira que o fazem nos escritórios.

 

Exercícios em casa

Sentindo os efeitos deletérios do sedentarismo (ganho de peso, perda de condicionamento e de força muscular) as pessoas começaram a fazer atividades físicas em casa. Pessoas que já tinham a orientação de um personal passaram a ter aulas online, mas pessoas que não tinham esta orientação começaram a fazer exercícios por conta própria. Certamente é uma atitude benéfica na maior parte dos casos, mas em alguns pacientes pude observar lesões por sobrecarga ou mesmo fraturas por stress, relacionadas à retomada muito intensa das atividades físicas após um período prolongado de inatividade.

 

A retomada

Com retomada dos esportes, principalmente profissionais ou competitivos, há uma grande preocupação com relação ao aumento do número de lesões ou efeitos adversos. Especialistas de diversas áreas, incluindo cardiologistas, pneumologistas e ortopedistas apontam para estes riscos. Após meses de treinamento insuficiente, atletas e equipes estão muito preocupados com possível aumento do número de lesões. Todavia, não há dados até o momento que nos permitam conclusões. Além disso, medidas de higiene e testes em massa foram aplicados para tentar reduzir a possibilidade de contaminação entre os atletas. Embora a eficácia dessas medidas seja incerta, realmente foram tomadas precauções extremas.

 

Conclusão

A pandemia de COVID-19 trouxe grandes transformações na nossa sociedade. Pessoas que tiveram que deixar compulsoriamente de praticar atividades físicas ao ar livre ou em academias, perceberam o efeito deletério do sedentarismo em sua capacidade física. Pessoas que já tinham o hábito sedentário, deixaram o pouco de atividade que exerciam nas suas rotinas e sentiram ainda mais o efeito, devido a má postura, home office, entre outras causas. Quais das transformações trazidas pelo COVID-19 serão temporárias, quais serão permanentes, apenas o tempo dirá.

 

 

Sobre o autor:

Dr. Adriano Marques de Almeida é Membro da comissão científica da SBRATE. Médico ortopedista do Grupo de Medicina do Esporte HCFMUSP

 

 

 

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