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Apreciação Crítica da Arte Rupestre “Cueva de las Manos”

Descrição

Cuevas de las Manos (Caverna das Mãos)

Localização – Sítio Pré-Histórico – Rio Pinturas,

Província de Subdivisão de Santa Cruz, Patagônia

País – Argentina

Tipo Cultural

Identificação – 936

Área geográfica – América Latina e Caribe

Ano de registro 1999 (23ª sessão)

 

A Cueva de las Manos (Caverna das Mãos) é um sítio pré-histórico rico em pinturas rupestres, que se encontra no profundo desfiladeiro do rio Pinturas, na Província de Santa Cruz, Patagônia, Argentina. A gigantesca caverna, de difícil acesso, tem 20 metros de profundidade, 10 metros de altura e 15 metros de largura.

A Cueva de las Manos pertence a uma série de sítios arqueológicos da América Latina, como, entre outros: Monte Verdeno, no Chile; Pedra Furada, no Brasil; Piedra Museo, na Argentina.

Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1999, a Cueva de las Manos é uma das expressões artísticas mais antigas dos povos sul-americanos. Suas pinturas, descobertas pelo especialista Francisco Moreno, em 1876, reproduzem o cotidiano dos Tehuelches (grupo de etnias ameríndias da Patagônia) e de seus ancestrais, antigos povos caçadores-coletores.

Ao longo das paredes de pedra da caverna, há centenas de instigantes pinturas de marcas de mãos, cenas de caça, pinturas de seres humanos, guanacos, emas, felinos e outros animais.

A datação por carbono 14 mostra que essas pinturas são de vários períodos: As representações de cenas de caça datam de 13 mil anos; as representações de mãos em negativo datam de 3 a 9 mil anos.

A técnica usada para gravar as mãos, em sua grande maioria, foi a do sopro. Essa técnica consiste em: introduzir pigmentos minerais no interior de um canudo, geralmente feito de osso de pequenos animais, colocar a mão em uma parede calcária, e soprar. Os pigmentos borrifados na rocha, deixam, assim, uma impressão em negativo dos dedos e das palmas das mãos.

A cor dessas impressões dependia da matéria-prima do pigmento. Em geral, era hematita para o vermelho, calcário para o branco, manganês ou carvão para o preto e limonite ou ocre para o amarelo. Frutas, plantas, pedras do solo e sangue animal também foram usados.

Há outras técnicas, como: pintar a palma da mão e deixar uma impressão positiva na parede da caverna e a técnica conhecida como cracher (cuspir em francês), que consiste em misturar o pigmento com água, colocar na boca e cuspir, contornando a mão.

Na Caverna das Mãos há centenas de mãos esquerdas superpostas por todos os lados de suas paredes. Das 829 mãos catalogadas, somente 31 são mãos direitas, evidenciando que aquelas pessoas eram, em sua maioria, destras.

Essas pinturas guardam mistérios. O que expressam essas mãos?  Alegria? Angústia? Ritual religioso? Expressão de arte? Símbolo de pertencimento? Não sabemos. Talvez expressem uma cerimônia de iniciação com jovens, como um ato de submissão às regras sociais. São conjecturas. Nunca saberemos o que realmente essas mãos representam, pois como disse o poeta francês Charles Baudelaire: “O passado é um fundo abismo onde não chegam nossas sondas.”

 

Fortaleza, 24.11.2020

 

dra. ana

 

 

Coluna Medicina, Cultura e Arte
Autora e Coordenadora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.

 

 

 

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