fbpx

Novas vacinas de COVID-19 estão chegando, quem deve tomá-las?

Confrontados, mais uma vez, com o declínio da imunidade contra o SARS-CoV-2, as autoridades de saúde de todo o mundo, planejam lançar vacinas de reforço nos próximos meses. Mas essas campanhas de incentivo podem não ter a mesma abordagem dos anos anteriores.

 

Agora que a emergência global da COVID-19 acabou e as infecções diminuíram, as autoridades estão repensando quem deve receber a vacina e quando. Alguns países já restringiram o acesso aos reforços atuais, para que as mesmas estejam disponíveis apenas para pessoas com alto risco de doença grave ou morte, e várias nações sugeriram que os reforços atualizados lançados nos próximos meses, serão reservados para indivíduos vulneráveis.

 

As autoridades de saúde observam que muitas pessoas ainda estão protegidas contra doenças graves por infecção anterior, vacinação ou ambas. Essa proteção, combinada com a fadiga pandêmica, e um nível relativamente baixo de hospitalizações e infecções, “nos colocou em uma era diferente e precisamos de abordagens diferentes”, diz a Dra. Annelies Wilder-Smith, vacinologista da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Genebra, Suíça.

 

Mas alguns países afirmam que os reforços devem ser administrados a quase todas as faixas etárias, e alguns cientistas argumentam, que amplas campanhas de vacinação podem ajudar a proteger pessoas vulneráveis.

 

Imunidade enfraquecida

Desde o final de 2022, muitos países oferecem reforços ‘bivalentes’, que visam tanto a cepa original do coronavírus SARS-CoV-2, quanto uma cepa Omicron inicial. Essas vacinas protegem contra doenças graves e mortes, mas o aumento da imunidade que conferem diminui rapidamente: dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA mostram, que a proteção contra hospitalização caiu de 62% nos primeiros 2 meses após a vacina e para 24% após 4 meses.

 

Para aumentar a imunidade, antes de um pico previsto de infecções durante o inverno no Hemisfério Norte, as autoridades estão se preparando para lançar outra campanha de reforço. Os fabricantes de vacinas estão preparando uma vacina ‘monovalente’ atualizada, visando uma única subvariante Omicron recente. Espera-se que essa subvariante seja mais semelhante à cepa circulante, quando as vacinas estiverem sendo lançadas, do que às cepas visadas pela vacina bivalente do ano passado.

 

Mas o entusiasmo do público está diminuindo junto com a imunidade: a aceitação de cada reforço sucessivo diminuiu. Apenas cerca de 17% das pessoas nos Estados Unidos receberam uma vacina bivalente e cerca de 14% das pessoas nos países da União Europeia, receberam um segundo reforço. Essa taxa de aceitação morna, e seu potencial para afetar as campanhas de vacinação contra outras doenças, como a poliomielite, desempenhou um papel importante em como as autoridades planejam a próxima campanha de reforço, diz Wilder-Smith.

 

“O fator medo se foi”, diz ela. “Você precisa ser inteligente como formulador de políticas públicas com recursos limitados, sobre como maximizar o impacto do reforço da COVID-19.”

 

 

Trazendo a imunidade de volta

Com base nesses fatores e na trajetória atual da pandemia, um subgrupo da OMS recomendou em março, que grupos de alto risco, como idosos e profissionais de saúde, continuem recebendo reforços rotineiramente. Mas as diretrizes não recomendam reforços de rotina para adultos saudáveis com menos de 60 anos que já receberam um reforço, observando os “retornos de saúde pública comparativamente baixos”.

 

As diretrizes também não endossam totalmente as vacinas de COVID-19 para crianças saudáveis, incluindo aquelas que ainda não foram vacinadas. O benefício da vacina para as crianças, diz a OMS, é “substancialmente menor”, do que o benefício de outras vacinas infantis, como contra o sarampo.

 

Embora as autoridades de saúde tenham afirmado repetidamente a segurança das vacinas de reforço do COVID-19, as doses extras são “de baixo risco e baixo benefício para pessoas saudáveis”, diz Paul Offit, pediatra e especialista em vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia, na Pensilvânia. Oferecer a vacina a uma população mais ampla do que o necessário não apenas desperdiça recursos, argumenta ele, mas também corre o risco de minar as vacinas contra influenza, que são muito mais claramente benéficas para todas as faixas etárias em comparação com o reforço do COVID-19.

 

 

Somente maiores de 50 anos

Algumas nações já levaram esse pensamento a sério. Em fevereiro, por exemplo, as autoridades do Reino Unido pararam de oferecer reforços a pessoas saudáveis com menos de 50 anos. Muitos outros países da Europa, incluindo França e Suécia, têm restrições semelhantes à distribuição de reforços, e provavelmente seguirão o mesmo caminho para os reforços monovalentes de outono.

 

Por outro lado, as autoridades americanas continuaram a oferecer reforços para quase todos, incluindo crianças de seis meses ou mais. Ainda não está claro se o CDC recomendará a vacina monovalente para todos; a agência emitirá uma decisão nos próximos meses. Na mesma linha, as autoridades japonesas anunciaram um plano para oferecer outro reforço entre setembro e dezembro, para pessoas saudáveis com idade acima de cinco anos, e potencialmente todos os anos.

 

Especialistas em saúde dizem que tal programa tem mérito. Com essa abordagem, “você reduz a probabilidade de espalhar a infecção para entes queridos”, diz Ofer Levy, vacinologista do Hospital Infantil de Boston, em Massachusetts. “Você pega infecções que poderiam ser moderadas e as tornam leves. Você pega algo que teria sido grave e com risco de vida, e o torna leve a moderado”.

 

Embora as diretrizes da OMS estipulem que crianças e adultos jovens saudáveis estão entre os grupos de menor prioridade para a vacinação contra a COVID-19, Wilder-Smith diz que as abordagens japonesa e americana são razoáveis, porque as vacinas fornecem algum benefício, mesmo que tenha uma curta duração.

 

 

Não é a Gripe

Os planos para lançar reforços atualizados em toda a população a cada outono, ecoariam os programas de vacinação contra a gripe, que também é recomendado para a maioria das crianças e adultos. Mas alguns cientistas argumentam que o paralelo é injustificado porque, ao contrário da vacina contra a gripe, as vacinas contra a COVID-19 até agora forneceram proteção robusta contra doenças graves e mortes, em várias variantes do SARS-CoV-2.

 

Todas essas recomendações dependem de o vírus continuar a evoluir da mesma forma que nos últimos 18 meses. “Desde a variante Omicron, houve uma evolução mais linear de novas variantes que estão ligadas ao Omicron original”, diz David Ho, virologista do Columbia University Irving Medical Center, na cidade de Nova York.
“Mas não podemos antecipar o que não sabemos, pode haver uma variante surpresa que surja nos próximos meses”.

 

 

Referente ao artigo publicado em Nature.

Este post já foi lido280 times!

Compartilhe esse conteúdo:

WhatsApp
Telegram
Facebook

You must be logged in to post a comment Login

Acesse GRATUITO nossas revistas

Send this to a friend