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Ainda há esperança para os ODS

O mundo reafirma o compromisso com o plano de 2030 para salvar a humanidade, apesar de ter falhado até agora

 

Os líderes mundiais prometeram esta semana redobrar os seus esforços num plano ambicioso para acabar com a pobreza e proteger o ambiente, que está lamentavelmente atrasado.

Nenhum dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, definidos em 2015, será cumprido dentro do prazo autoimposto de 2030. Os governos e os líderes são melhores de fazer promessas do que de cumpri-las, disseram os cientistas. No entanto, há sinais de que a agenda dos ODS está a ter impacto, dizem.

 

Uma “declaração política” de 12 páginas, aprovada durante a Reunião dos ODS da ONU, em Nova Iorque, nos dias 18 e 19 de setembro, declara que os objetivos continuam a ser o “roteiro abrangente” do mundo para o futuro. “Agiremos com urgência para concretizar a sua visão, como um plano de ação para as pessoas, o planeta, a prosperidade, a paz e a parceria, não deixando ninguém para trás”, afirma o acordo.

 

“Os ODS precisam de um plano de resgate global”, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura do encontro. Guterres propõe aumentar o financiamento para o desenvolvimento sustentável em pelo menos 500 mil milhões de dólares, para ajudar os países a atingirem os objetivos, bem como outra ajuda financeira, incluindo o alívio da dívida das nações mais pobres, para que possam sobreviver e prosperar após os choques econômicos.

 

A declaração política surge no meio de provas e análises que sugerem, que os governos estão muito aquém dos objetivos.

 

Os investigadores envolvidos no Relatório de Desenvolvimento Sustentável Global (GSDR) quadrienal, analisaram 36 das 169 metas detalhadas, que acompanham os objetivos globais. Destes, os cientistas descobriram que o mundo está no bom caminho para atingir apenas dois objetivos, os que visam aumentar o acesso à Internet e às redes de telefonia móvel.

 

Doze alvos mostraram pouco ou nenhum progresso. Em alguns casos, como a segurança alimentar, a cobertura vacinal e a redução das emissões de gases com efeito de estufa, as tendências vão na direção errada. A investigação sugere que, sem mais ações e recursos, será pouco provável que o mundo atinja os objetivos até 2050, com duas décadas de atraso.

 

Paula Caballero, a antiga diplomata colombiana que foi fundamental na criação do quadro dos ODS, afirma que o mundo precisa tomar medidas ousadas e transformacionais agora, para cumprir a agenda dos ODS.

 

Ao mesmo tempo, ela diz que 2030 não deve ser visto como um prazo final do tipo “pegar ou largar”. “Não vamos pensar que 2030 seja uma meta final”, diz Caballero, que agora é responsável pelas atividades latino-americanas da The Nature Conservancy, uma organização conservacionista com sede nos Estados Unidos. “É um marco.”

 

A socióloga Shirin Malekpour, uma das autoras da GSDR, concorda. “O que precisa mudar é o que estamos a fazer, não as metas e os objetivos”, diz Malekpour, que está na Universidade Monash em Melbourne, Austrália.

 

Malekpour vê alguma esperança na declaração política, que afirma que os países não só continuarão a integrar os ODS nas políticas nacionais, mas também “desenvolverão planos nacionais para uma ação transformadora e acelerada”.

 

“Se, acima de tudo, eles fizerem apenas uma coisa, acho que veremos um enorme progresso”, diz ela.
Foco em ações integradas

 

Para Caballero, o encontro dos ODS também é uma prova de que os objetivos estão a concentrar as mentes na natureza integrada dos desafios que a humanidade enfrenta. Mas ela diz que o sistema da ONU ainda comete o erro de tratar o desenvolvimento sustentável e o clima como questões separadas, incluindo a realização de encontros separados sobre os ODS e o clima em Nova Iorque esta semana.

 

“A única forma de concretizar a mitigação e a adaptação às alterações climáticas é através dos ODS, e não será possível cumprir os ODS a menos que se trate do clima”, diz ela.

 

Embora o acordo climático de Paris e os ODS tenham nascido de processos políticos separados em 2015, diz ela, as duas agendas são, na verdade, “uma só e a mesma”.

 

 

Referente ao artigo publicado em Nature.

 

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