Descrição Técnica
Autor – Samuel Luke Fildes (1843-1927)
Título – The Doctor (O Doutor)
Data – 1891
Técnica – óleo sobre tela
Dimensões – 166 cm × 242 cm
Localização – Tate Gallery – Londres
Samuel Luke Fildes, pintor e ilustrador britânico, nasceu em Liverpool, em 03/10/1843, e morreu, em 28/02/1927, em Londres, com 83 anos. Fildes estudou na Warrington School of Arts e no Royal College of Art. Neto da ativista política Mary Fildes, compartilhava a preocupação de sua avó com os desvalidos. Acreditava que, através de suas ilustrações, poderia mudar a opinião pública em temas como pobreza e injustiça.
O famoso escritor Charles Dickens (1812-1870), impressionado com a arte de Fildes, pediu-lhe para ilustrar seu romance “The Mystery of Edwin Drood”. Talentoso, Fildes viu suas ilustrações se popularizarem, como a que publicou um dia após a morte de Charles Dickens, representando a cadeira vazia do famoso escritor e que inspirou Vincent van Gogh em seu quadro The Yellow Chair (A cadeira Amarela).
Fildes perdeu seu primeiro filho, Philip, acometido de febre tifóide, no Natal de 1877. O desvelo do médico que o assistiu deixou em sua memória uma imagem de devoção profissional que inspirou, em 1891, o quadro “The Doctor”, ora em pauta.
Esta tela foi pintada por encomenda do industrial Henry Tate (1819-1899). Nela, provavelmente, Samuel retrata seu próprio drama pessoal e homenageia o Dr. Murray que assistiu, impotente, seu filho no leito de morte.
No centro do quadro, em primeiro plano, a luz de um lampião sobre uma mesa ilumina um médico contemplativo e uma criança gravemente enferma, acomodada sobre duas cadeiras. Pela janela da humilde casa, adentram os primeiros raios de sol iluminando o lado esquerdo da face do pai, que repousa a mão nas costas de sua esposa para apoiá-la e confortá-la no momento dramático. A luz ilumina a mãe debruçada em uma mesa revelando seu profundo sofrimento com a grave doença da filha.
Os utensílios sobre os móveis, indicando a preparação de medicamentos, mostram que o médico passou a madrugada ao lado da criança pálida, fraca, largada, gravemente enferma, tentando, em vão, uma terapia eficaz. É impossível apreciar o quadro sem sentir forte emoção diante da força do olhar do médico sobre a pequena paciente e do olhar do pai, colocando suas esperanças no médico.
Trata-se de uma das representações mais tocantes e icônicas da medicina. Em 1892, um professor de medicina escreveu, no British Medical Journal: “Uma biblioteca de livros feitos em nossa honra não faria o que esta pintura tem feito e fará pela profissão médica, ao tornar os corações de nossos semelhantes aquecidos com confiança e afeto por nós”.
Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg
Fortaleza, 25/09/2020
Coluna Medicina, Cultura e Arte
Autora e Coordenadora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.
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