Catedral de Notre-Dame de Paris
Saímos da Igreja Saint-Séverin, atravessamos uma ruela, caímos no Quai Saint Michel, seguimos em frente e passamos ao lado do restaurante Notre Dame (que na noite anterior abrigou uma parte do grupo, depois de uma longa caminhada), viramos à esquerda e na Petit Pont vislumbramos, mais de perto, a majestosa Catedral.
Situada na Île de la Cité, o coração de Paris, ela se queda imponente e bela, em sua parte posterior, beirando o Sena. Nem podíamos acreditar que estávamos pisando naquela ilha, com formato de um barco, que deu origem à cidade de Paris.
Habitada por tribos celtas, há mais de 2 mil anos, a referida ilha oferecia um ponto de cruzamento do Rio Sena entre o norte e o sul da região chamada Gália. Parisii, que deu o nome a cidade de Paris, era uma dessas tribos que habitaram a ilha, na época uma aldeia chamada de Lutécia.
Na Praça Parvis Notre-Dame tiramos fotos pegando o melhor ângulo para enquadrar a Catedral. À esquerda, contemplamos o Hotel Dieu, a Santa Casa de Paris, que foi erguida sobre um orfanato que funcionou de 1866 a 1878. O Hotel Dieu original, construído no século XII, atravessava a ilha de lado a lado, mas foi demolido, no século XIX, pelo Barão de Haussmann. Atravessamos a Praça Parvis em direção a Catedral.
Pensei na Crypte Archéologique abaixo de nossos pés, numa faixa subterrânea de 80 metros, que exibe alicerces e paredes da época da Aldeia Lutécia, centenas de anos mais antigos do que a Catedral.
Notre Dame é uma magnífica obra prima gótica. O local da mesma tem uma forte história ao culto religioso, pois os celtas ali celebravam suas cerimônias, os romanos construíram um templo ao Deus Júpiter e a primeira Igreja do cristianismo de Paris, a Basílica de Saint-Etienne, projetada por volta de 528 d.C., também, foi erguida lá.
Em 1163, após a demolição da basílica, o Papa Alexandre III lançou a primeira pedra da Catedral. Após 170 anos de trabalho de milhares de arquitetos e artesãos medievais, a mesma foi concluída. Em sua fachada principal, admiramos, abaixo de suas duas torres, a “Rosácea Oeste”, a fantástica “Galeria dos Reis”, com 28 estátuas dos Reis de Judá, e os três grandes portais.
Ao contemplar seu interior, veio, como sempre, o choque visual, causado pela beleza estonteante da alta abóbada de sua nave central, cortada por um imenso transepto. No fundo, visualizei o coro com os entalhes de Jean Ravy e, atrás do altar principal, a Pietá, de Nicolas Cousteau, sobre um pedestal dourado, esculpido por François Girardon.
Sem perder muito tempo, fomos até o transepto para admirar as rosáceas com seus vitrais coloridos. A “Rosácea Norte”, no extremo norte do transepto, mostra Maria cercada de personagens do velho testamento. A “Rosácea Sul”, do lado oposto, mostra Cristo cercado por virgens, santos e os 12 apóstolos.
Contornamos a Catedral pelo lado direito e passamos em frente ao museu, anexo, que abriga preciosidades religiosas, como manuscritos e relicários antigos. Lembrei-me de minhas irmãs, Goretti, Fátima e Carminha que estiveram comigo visitando o museu, em 2006.
Na parte posterior da Catedral, visualizamos sua maquete. Tiramos fotos, comprei uma medalha para minha amiga Cidinha e saímos sem subir os 387 degraus que levam ao topo da torre norte, onde se pode apreciar as famosas gárgulas e a magnífica vista de Paris. Também não tivemos tempo de contornar a Catedral para apreciar seus espetaculares arcobotantes e sua torre agulha que se ergue a uma altura de 90 metros.
Lembrei-me que aquela Catedral foi cenário majestoso para a coroação de tantos reis e imperadores, inclusive Napoleão, que coroou Josefina e a si próprio, em 2 de dezembro de 1804, como podemos constatar na magnífica tela de Jacques-Louis Davi, que se encontra no Museu do Louvre.
Notre-Dame, também, foi palco de violência quando os revolucionários a saquearam, aboliram a religião e a transformaram em um templo ao culto da razão e, depois, em um depósito de vinho. Em 1804, Napoleão restaurou a religião e, em 1831, Victor Hugo escreveu o famoso romance “O Corcunda de Notre-Dame”, tendo como pano de fundo a Catedral, durante a Idade Média.
Finalmente, deixamos, com certa nostalgia, Notre-Dame em busca de nossa quarta parada, Montmartre.
Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.
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