A História de Tobias

A história de Tobias está contada no “Livro de Tobias” do Antigo Testamento, deuterocanônico. Esse termo refere-se aos sete livros presentes na Septuaginta (antiga tradução em grego do Antigo Testamento). São eles: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruque.

O Judaísmo não os considera canônicos, bem como alguns grupos cristãos, como os protestantes. Entretanto, esses livros foram admitidos como autênticos para a Bíblia Católica, em vários concílios romanos, entre 382 e 1545 d.C.

O texto original, escrito, provavelmente, em hebraico ou aramaico, foi perdido, mas um fragmento em aramaico com um texto correspondente em grego foi encontrado na década de 1950, na caverna nº 4, perto das ruínas de Qumran, entre os manuscritos do Mar Morto. A história contada no “Livro de Tobias” situa-se no século VIII a.C., e, tradicionalmente, pensa-se que foi escrito nessa época.  Hoje, a maioria dos estudiosos acredita que o livro foi escrito, entre 225 e 175 a.C.

Não há consenso científico sobre a localização da história, pois pode ter ocorrido em quase todas as regiões do Mundo Antigo. Uma origem mesopotâmica pareceria lógica, porque a história se passa na Assíria e na Pérsia, assim como a invocação do demônio persa “aeshma daeva” (divindade da ira na tradição persa). Mas grandes erros nos detalhes geográficos (como a distância de Ecbatane a Ragès e a topografia das duas cidades) tornam essa origem duvidosa. Também há argumentos a favor e contra uma composição em Israel ou no Egito.

O livro conta a história de um israelita da tribo de Naftali chamado Tobias, que tinha o mesmo nome de seu pai. Após ser deportado para Nínive, seu pai ficou cego quando recebeu fezes de um pássaro em seus olhos. Tobias foi enviado por seu pai para cobrar uma dívida de seu parente Gabaël. O anjo Raphael – mais tarde referido como o Arcanjo Raphael pela Igreja Católica e pelas Igrejas Ortodoxas – levou Tobias a Ecbátana, onde ele apanhou um peixe e extraiu o coração, o fígado e o fel.

Tobias conheceu sua futura esposa, Sara, atormentada por um demônio, “Asmodeus”, que matou, sucessivamente, seus sete maridos durante sua noite de núpcias.

O anjo Raphael, que já havia explicado a Tobias que ele deveria tomar essa mulher por sua esposa, disse a ele como libertá-la do demônio. Com o fel de peixe, como lhe havia indicado o arcanjo que o acompanhava, Tobias voltou à casa paterna, depois de ter expulsado o demônio do corpo de Sara, e curou a cegueira de seu pai.

No mundo das artes pictóricas, encontramos Tobias e o anjo Raphael, em diferentes representações que ilustram este assunto. O pintor italiano Gianantonio Guardi (1699 – 1760), um dos fundadores da Academia Veneziana, em 1756, ilustrou a História de Tobias em três pinturas, entre 1750-1755: no parapeito do órgão da Igreja dell’Angelo Raffaele: “A Partida de Tobias”, “O Casamento de Tobias” e “Sara e Tobias cura seu pai”. Muitos pintores plasmaram em suas telas passagens da história de Tobias. No Museu do Louvre-Paris podemos apreciar um óleo sobre madeira, de Rembrandt, intitulado: “O Arcanjo Raphael deixando a família de Tobias”.

Referências

A BIBLIA SAGRADA contendo o velho e o Novo Testamento traduzida segundo os originais HEBRAICO E GREGO – SOCIEDADE BIBLICA BRITANNICA E EXTRANGEIRA – LONDRES E RIO DE JANEIRO 1931

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Paulus – 1990

https://fr.wikipedia.org/wiki/Livre_de_Tobie

https://pt.wikipedia.org/wiki/Livro_de_Tobias

https://www.infopedia.pt/$tobias

Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.

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