Todos os anos, a classe médica tem como tema principal, em novembro, a saúde do homem. O objetivo é conscientizar sobre a necessidade do atendimento urológico. O acompanhamento médico é especialmente importante no caso do câncer de próstata, foco da campanha mundial Novembro Azul. Esse tipo de tumor surge sem dar sinais. Por isso, homens com 50 anos ou mais devem realizar, anualmente, uma consulta com o urologista. Para quem apresenta casos da doença na família ou é negro, essa rotina deve começar aos 45 anos.
Recentemente, a European Association of Urology divulgou um amplo levantamento sobre essa patologia. O trabalho Epidemiology and Prevention of Prostate Cancer compila dados de 185 países e analisou o período entre 2010 e 2020. Segundo o estudo, em 2020, 375.000 pessoas morreram no mundo em decorrência do câncer de próstata (7,7 por 100.000 habitantes). A região com mais óbitos por causa da doença foi o Caribe, porém é a Europa que apresenta a maior incidência do câncer de próstata. Por outro lado, o Centro-Sul da Ásia é a região menos afetada, tanto no número de mortes quanto na incidência da patologia.
Entre os fatores de risco, a pesquisa aponta a hereditariedade, síndrome metabólica e hábitos nocivos, como tabagismo. O trabalho também destaca que a prática regular de atividade física auxilia a prevenir o câncer de próstata.
Tratamento – Quando o câncer é diagnosticado, o auxílio ao paciente pode trilhar vários caminhos: quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, medicamentos e intervenção cirúrgica. A escolha dos recursos terapêuticos depende do estágio da doença. Se o câncer estiver restrito à próstata, as chances de cura são mais amplas. Por isso, é de suma importância detectar a doença antes que ela se espalhe para outras regiões do corpo.
Uma das inovações na área é a cirurgia robótica. Trata-se de um método minimamente invasivo. Ou seja, é realizado através de pequenas incisões (no máximo, 1 centímetro). O médico comanda os movimentos dos quatro braços do equipamento, que levam na sua extremidade o instrumental cirúrgico e uma câmera que registra imagens em alta resolução. O vídeo é transmitido em tempo real para o cirurgião.
Em 2015, o Ceará se tornou o primeiro estado das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte do país a contar com a técnica. A iniciativa foi do hospital Monte Klinikum. Pesquisas, nacionais e mundiais, associam a cirurgia robótica a diminuição de sequelas (o indivíduo tende a conviver por menos tempo com a incontinência urinária; já o retorno da função erétil ocorre mais rápido), volta do paciente à sua rotina de atividades em um período mais curto, redução da dor, dentre outros pontos.
Brasil – No país, foram estimados, em 2020, 65.840 novos casos de câncer de próstata. Um ano antes, 15.983 indivíduos morreram no país em decorrência da doença. Ambos os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
É um cenário desafiador, mas há esperança. Quando detectado em sua fase inicial, o sucesso do tratamento alcança 90% dos casos. Para isso, é necessário garantir atendimento urológico. Daí a necessidade de reforçar anualmente, a necessidade das consultas com o especialista.
Neste ano, a mensagem precisa ser amplificada. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2019 e 2020, houve uma queda de 33,5% nas consultas urológicas no Sistema Único de Saúde (SUS). No mesmo intervalo de tempo, vários índices também diminuíram: cirurgias para tratar câncer de próstata (queda de 21,5%), internações de pacientes (recuo de 15,7%) e realização de exames (PSA, 27% a menos; biópsia, 21% a menos).
Autor:
Dr. Marcos Flávio Rocha
Cirurgião geral e urologista, CRM 6091-CE, RQE Nº: 4349 – Nº: 4347
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