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Sintomas de Longa COVID podem estar ligados a danos no nervo vago

Pesquisadores americanos comentam que vários sintomas de Longa de COVID podem estar ligados aos efeitos do coronavírus no nervo vago, um nervo central vital, de acordo com uma nova pesquisa.

 

O nervo vago, que vai do cérebro para o corpo, conecta-se ao coração, pulmões, intestinos e vários músculos envolvidos na deglutição. Ele desempenha um papel em várias funções do corpo, que controlam desde a frequência cardíaca, até a fala, o reflexo de vômito, a transpiração e a digestão.

Aqueles com problemas da Longa COVID-19 e do nervo vago, podem enfrentar problemas de longo prazo com a voz, dificuldade para engolir, tontura, frequência cardíaca alta, pressão arterial baixa e diarreia, descobriram os autores do estudo. Suas descobertas serão apresentadas no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas de 2022 no final de abril.

“A maioria dos pacientes com Longa COVID com sintomas de disfunção do nervo vago, apresentou uma série de alterações estruturais e/ou funcionais significativas e clinicamente relevantes no nervo vago, incluindo espessamento do nervo, dificuldade para engolir e sintomas de respiração prejudicada”, escreveram os autores do estudo. “Nossas descobertas até agora apontam para a disfunção do nervo vago, como uma característica fisiopatológica central da Longa COVID”.

Pesquisadores do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol, na Espanha, realizaram um estudo para analisar o funcionamento do nervo vago em pacientes com Longa COVID. Entre 348 pacientes, cerca de 66% apresentavam pelo menos um sintoma, que sugeria disfunção do nervo vago. Os pesquisadores fizeram uma ampla avaliação com exames de imagem e funcionais em 22 pacientes na Long COVID Clinic da universidade, de março a junho de 2021.

Dos 22 pacientes, 20 eram mulheres e a idade mediana foi de 44 anos. Os sintomas mais frequentes relacionados à disfunção do nervo vago foram diarreia (73%), frequência cardíaca elevada (59%), tontura (45%), problemas de deglutição (45 %), problemas de voz (45%) e pressão arterial baixa (14%). A grande maioria dos pacientes (19 de 22), apresentaram três ou mais sintomas relacionados à disfunção do nervo vago. A duração média dos sintomas foi de 14 meses.

Seis dos 22 pacientes tiveram uma alteração no nervo vago no pescoço, que os pesquisadores observaram por uma ultrassonografia. Eles tinham um espessamento do nervo vago e aumento da “ecogenicidade”, o que sugere inflamação. Além do mais, 10 dos 22 pacientes tinham “curvas diafragmáticas” achatadas durante um ultrassom torácico, o que significa que o diafragma não se move tão bem quanto deveria durante a respiração, gerando uma respiração anormal. Em outra avaliação, 10 dos 16 pacientes apresentaram pressões inspiratórias máximas mais baixas, sugerindo fraqueza nos músculos respiratórios.

A alimentação e a digestão também foram prejudicadas em alguns pacientes, com 13 relatando problemas com a deglutição. Durante uma avaliação da função gástrica e intestinal, oito pacientes não conseguiam mover alimentos do esôfago para o estômago tão bem quanto deveriam, enquanto nove pacientes apresentavam refluxo ácido. Três pacientes tiveram uma hérnia de hiato, que acontece quando a parte superior do estômago se projeta através do diafragma para a cavidade torácica.

As vozes de alguns pacientes também mudaram. Oito pacientes tiveram um teste de índice de desvantagem vocal 30, anormal, que é uma maneira padrão de medir a função da voz. Desses, sete pacientes apresentavam disfonia, ou problemas persistentes de voz.

O estudo está em andamento e a equipe de pesquisa continua recrutando pacientes para estudar as ligações entre a Longa COVID e o nervo vago. O artigo completo ainda não está disponível, e a pesquisa ainda não foi revisada por pares. “O estudo parece se somar a uma crescente coleção de dados sugerindo, que pelo menos alguns dos sintomas da Longa COVID são mediados por um impacto direto no sistema nervoso”, disse o Dr. David Strain, MD, professor clínico sênior da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, ao Science Media Center.

“Estabelecer danos no nervo vago é uma informação útil, pois existem tratamentos reconhecidos, embora não perfeitos, para outras causas de disfunção do nervo vago, que podem ser extrapolados para serem benéficos para pessoas com esse tipo de Longa COVID”, disse ele.

 

Referente ao comentário publicado na Medscape Pulmonary Medicine

 

 

 

Autor: 
Dr. Dylvardo Costa Lima
Pneumologista, CREMEC 3886 RQE 8927
E-mail: dylvardofilho@hotmail.com 

 

 

 

 

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