fbpx

Estudo brasileiro sobre câncer de mama hereditário revela importância de ir além do BRCA 1 e 2

Ao se analisar um painel de múltiplos genes é duplicada a chance de encontrar uma mutação genética em comparação à análise exclusiva dos genes BRCA 1 e 2. Descoberta foi publicado na revista Scientific Reports, da Nature

  • O uso de painéis multigênicos para o câncer de mama duplicam a chance de encontrar uma mutação genética em comparação da análise do BRCA1 e 2.
  • O terceiro gene mais comumente mutado na população brasileira é o TP53, que quando identificado exige um cuidado mais complexo que o BRCA1 e 2.
  • As variantes de significado incerto, que são encontradas mais vezes em painéis multigênicos, nunca devem ser utilizadas para modificar a conduta clínica.

A diversidade genética de variantes germinativas em genes de predisposição para câncer de mama é inexplorada em populações miscigenadas, que é o caso da população brasileira. Com esta premissa, neste estudo, 1663 brasileiros (99,2% mulheres e 0,8% homens) com câncer de mama foram submetidos a testes de painel multigênico hereditário (20-38 genes de suscetibilidade ao câncer). Os resultados foram comparados com 18.919 casos controle (indivíduos brasileiros, sequenciados como parte de vários testes genéticos específicos de doenças, excluindo amostras de casos de câncer).

Na amostra, o câncer de mama hereditário representaria 2 entre 10 casos da doença. Isso porque, na análise, 335 (20,1%) participantes carregavam variantes germinativas patogênicas ou provavelmente patogênicas (P/PL). Destas variantes P/PL, 167 (10,0%) em BRCA1/2, 122 (7,3%) em genes acionáveis de câncer de mama não-BRCA e 47 (2,8%) em genes candidatos ou outros genes de predisposição ao câncer. No geral, 354 variantes distintas de P/LP foram identificadas em 23 genes. Os genes mais comumente mutados foram: BRCA1 (27,4%), BRCA2 (20,3%), TP53 (10,5%), MUTYH monoalélico (9,9%), ATM (8,8%), CHEK2 (6,2%) e PALB2 (5,1%). Vale destacar que o número de pacientes portadores da variante TP53 R337H é semelhante ao número de pacientes com BRCA1 c.5266dupC, que é a variante patogênica de BRCA1 mais prevalente no estudo.

Assim, esses resultados confirmam que a herança do TP53 R337H contribui para um número significativo de casos de câncer de mama no Brasil. “Esses achados reafirmam a necessidade de diretrizes diferenciadas para monitoramento e estratégias de redução de risco em pacientes com câncer de mama hereditário no Brasil. A investigação da variante TP53 R337H nas pacientes brasileiras na pré-menopausa com diagnóstico de câncer de mama é essencial”, destaca o autor principal do estudo, Rodrigo Guindalini, oncologista clínica e oncogeneticista da Oncologia D´Or e consultor científico.

De acordo com Guindalini, esses pacientes e seus familiares que carregam a mesma variante devem receber vigilância intensiva que inclui, pelo menos, ressonância magnética de corpo inteiro (RM) e RM do sistema nervoso central, conforme protocolo de Toronto50. Além disso, a ressonância magnética de mama deve ser oferecida anualmente a partir dos 20 anos e mamografia anualmente a partir dos 30 anos. Para esses pacientes, a cirurgia de redução de risco do tipo (adeno)mastectomia bilateral deve ser discutida. Para pacientes com câncer de mama, a mastectomia deve ser a opção preferida na tentativa de evitar a radioterapia. No entanto, a radioterapia deve ser considerada quando o risco de lesão locorregional, a recorrência é alta. Para tanto, é fundamental que seja ampliado no Brasil o acesso da população de risco ao teste de painel multigênico.

Conteúdo com a colaboração do oncologista clínica e oncogeneticista, Rodrigo Guindalini (CRM BA 24186, SP 119793, RJ 1150936).

Assine a nossa NewsLetter para receber conteúdos e informes sobre ações, eventos e parcerias da nossa marca: https://bit.ly/3araYaa

Este post já foi lido804 times!

Compartilhe esse conteúdo:

WhatsApp
Telegram
Facebook

You must be logged in to post a comment Login

Acesse GRATUITO nossas revistas

Send this to a friend