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Gangorra dos dois Eus

No redemoinho ou turbilhão onde se escondem o féu da perda e da tristeza, e o véu da alegria e da conquista, abordo neste texto, sobre os dois Eus que nos acompanham em muitos instantes. Prefiro não proliferá-los ainda mais, mesmo que seja factivel tê-los em multiplicidade. O Eu da decisão certa, esperta e imediata; e o titubeante, esquivante e procrastinador. O Eu que adia e delineia um tempo para o reparo psiquico, e o que não deixa nada para depois. O Eu que desperta cedo, e o que nunca vê o sol nascer e tem medo.

Nessa balança de ideias, vontades e desejos, uno os dois; o vencedor e o vencido; o sereno e o feroz; o que acorda corajoso e o que adormece sem limites para espertar. Algumas vezes, em nossas vidas, alimentamos os dois em profusão, mesmo sabendo que um deles é o nosso predileto. Deus, ilumine em nós, o seu e os meus Eus. Permanecer no marasmo da mesmice é um caminho para o escorrego da derrota, da ruina e do revés. A ignorância é um infortúnio para a solução. Como contornar os enlevos da dor que não conseguimos controlar, se ela bate insistente no pensar, renovando um penar diferente e persistente? É sutil o despertar, o trâmite da mudança, a renovação, e o melhorar? Eis aí a resposta do sentido da história; de como se fazem os seres e os saberes.

Sou amigo do Eu corajoso e batalhador; ocasionalmente, porém, estou a “jogar bola” com o que me faz estático, medroso, saudoso, sôfrego e padecedor. E nesses momentos, escrevo, confesso com humildade apressada, sem pena e com tinta escura, tentando transmitir pela palavra um despertar diferente para todos os nossos Eus sofredores; estes que se entristecem pelas perdas, que se vitimizam sem querer, que se culpam pela culpa oculta ou ausente, e que se perpetuam num estacionar divergente, sempre rememoro, sobretudo para eles – acreditem, tudo vai passar. Não há alegria sem fim; não há uma idade especifica onde os Eus se digladiam mais; e não há dor que dure a eternidade.

Absorvo, ouço, capto e aprendo o pensar e o falar alheio. Vence em mim a vontade de servir; de ser servil; e o desejo de não ser o Eu vil. Esse texto é um louvor ao ser humano que luta com vigor, que sabe e se permite ser humano; e que transforma a vida num grande trajeto e escolha, de labor e amor – esse é o meu Eu preferido. Também louvo aqui (presente no Eu maior): luz, sorriso, alegria, força e paz, um colo que cura, e a coragem que nos conduz e nos torna capazes de perseguir o adiante, de carregar serenamente nossa cruz, e seguir avante.

 

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