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Re”volta” do luto

Volta do luto. A perda resistente, insistente e relutante representa a essência maior daquilo que remexe e rebusca o abismo do enigmático psiquismo de todos nós; ela se mistura na encruzilhada do medo e das mudanças. Se quisermos nos entender mais intensa”mente” mergulhemos no âmago de nossas angústias e questões, e no íntimo de nossa alma; sutil ou profundamente. É difícil aprender a perder. Existem datas que recidivam periodicamente no pensar, quando associamos com períodos de perdas e lutos. Como numa repetição que se repete repetidas vezes, vamos transformando o que forma ou deforma nosso jeito de aceitar, acatar e ressignificar perdas. Culpa, de’z’culpas e perdão agitam a mente. A Re”volta” do luto não simboliza ou significa uma indignação, rebelião, perturbação, motim, levante ou rebeldia; falo aqui sobre o regresso, recidiva ou espiral dele, que se refaz em datas especiais, e que está embutido no valor do amor. Como um moinho que vai roendo a dor, na verdade, é um redemoinho na mente que o transforma em saudade. O que mexe na alma e traz calma, ensina o atalho a seguir. O tempero da paciência, da esperança, e da prudência engrossam o caldo da solução.

Dia final do diálogo terminal; o último olhar; a troca de generosidades; o instante do fim derradeiro, ou o começo do desfecho; o toque da alma e do coração; uma palavra tatuada na mente; a lembrança da ação que estaciona ou robustece a emoção; a história a relembrar; o legado que virou memória. Tudo isso abordo nesse texto, onde falo sobre as janelas que abrimos em nosso psiquismo quando desejamos escancarar portas de alegrias e bem-estar (mesmo envoltos pelos efeitos do que não queremos). Aqui ou acolá, vem a recordação, uma ideia ou oferenda de algo, ou de alguma ação que retoca nossa reflexão (sobre o luto). O cheiro de um perfume; uma roupa; uma palavra; uma data festiva; a devolução ou revolução do sentir do passado; coisas que incendeiam nossa aptidão de tolerar e que chafurdam as entranhas da comoção. Fugir da fuga do amor não deveria rimar com dor. O luto não tem regra, fórmula para superá-lo, ou prazo de validade. O fantasma da morte é consolado pela essência da espiritualidade. Que a afeição do viver supere a aflição ou tentação do sofrer. O mundo necessita de mais amor, generosidade, bondade e compaixão. Encontremos o nosso caminho ajudando os outros a encontrarem seus caminhos.

Luta, névoas, nuvens, volta, “caos”tigo, e re”volta” do luto; enfim, tudo dele aperfeiçoa aquilo que buscamos conquistar, e faz relutar na alma nossa habilidade de aceitar. Temos que vivê-lo para não permanecermos nele; ele é uma solução, uma reorganização e um processo para aprender a viver, mesmo com o perder. Cada pessoa cria a sua maneira de suplantar esse instante, buscando encontrar respostas ou a ausência de questões. Sempre penso que repetir a história ou ter a reminiscência de alguém, e recordar ou evocar sua memória, é uma elegante maneira de eternizar seu valor, de enaltecer seu legado, e de robustecer sua presença e essência – sem dúvidas, na realidade, também representa uma espécie de louvor, homenagem e reverência, às pessoas que nos antecederam na eternidade. A fala vivifica o espirito. Comece por você, a ter o que deseja ser. Permitamos escolher a vereda do continuar avante, firmes e radiantes. Muitos dizem para deixarmos os mortos descansar – procuremos as lições (e os licores) que Freud cita na sua meditação – “onde abundam dores, brotam os licores”. Que o luto, também seja nosso professor, nesse progresso de lutar pela vida que vale a pena ser bem vivida com fervor. Como ensinam e falam sábios amigos terapeutas – modifiquemos o sofrer e façamos acontecer – nossa volta e nossa ida, que sejam a saída à avenida do amor (energia mais sublime e exuberante da vida).

 

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