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Disposofobia na era atual

A necessidade de adquirir – sem usar ou jogar fora – estes bens traduz-se numa extrema desordem e na limitação de atividades essenciais da vida quotidiana, como o descanso, a alimentação, a higiene corporal e a limpeza de espaços. Na verdade, quem sofre de disposofobia é levado a acumular sem restrições, mesmo quando a conservação dos objetos impede e/ou reduz significativamente a possibilidade física de caminhar pela casa. Associado a esta compulsão de acumular, surge um medo complementar de deitar fora as suas coleções. Muitas vezes, a origem da disposofobia é um trauma emocional, como a perda de um ente querido, uma decepção amorosa ou o divórcio dos pais durante a infância. Isso cria uma carência que o colecionador compulsivo tentará preencher através de “coleções” de objetos.

 

A disposofobia é um distúrbio muito complexo, mas pode ser tratado com terapia cognitivo-comportamental. Quem sofre de disposofobia tende a conservar e acumular de forma compulsiva e disfuncional uma quantidade considerável de objetos inúteis, inutilizáveis e sem significado particular (como, por exemplo, revistas e jornais velhos, lixo, guardanapos de restaurante, maços de cigarro) , roupas, embalagens de alimentos, etc.). O pensamento típico do colecionador em série é o medo de jogar fora algo que “um dia ou outro poderá ser útil”. Esse tipo de comportamento assume características patológicas: neste caso, o transtorno não pode ser considerado um aspecto de caráter, mas sim a manifestação de um transtorno específico. O colecionador compulsivo não tem consciência dos excessos em que incorre (ao contrário dos pacientes com distúrbios de controle, que costumam criticar seus rituais), pois está firmemente convencido de que os itens coletados são úteis, insubstituíveis ou podem ter valor no futuro.

 

Além disso, esses pacientes não têm pensamentos obsessivos específicos, mas ficam terrivelmente chateados quando são solicitados a jogar algo fora. Geralmente são os familiares que não toleram mais a intromissão dessas “coleções” e que solicitam tratamento terapêutico. Causas e fatores de risco Ainda não está claro o que exatamente causa a disposofobia, mas parece que a genética, a bioquímica cerebral e eventos estressantes da vida podem favorecer suas manifestações. O transtorno de acumulação pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo ou situação econômica. Os fatores de risco incluem: Idade. A disposofobia geralmente começa a aparecer por volta dos 11-15 anos de idade e tende a piorar com o tempo. As crianças mais novas podem começar a colecionar objetos, como brinquedos quebrados, restos de lápis apontados e livros desatualizados.

 

A disposofobia é mais comum, entretanto, em adultos mais velhos do que em adultos mais jovens. Personalidade. Muitas pessoas com transtorno de acumulação têm temperamento tímido e são inseguras. Predisposição familiar. Se um membro da família tiver disposofobia, é mais provável que desenvolva o distúrbio. Eventos estressantes. Muitas vezes, é o componente emocional que desencadeia o processo subjacente à disposofobia: algumas pessoas desenvolvem a patologia após vivenciar um acontecimento estressante na vida, diante de dificuldades, como a morte de um ente querido, o divórcio, o despejo ou a perda de bens em um incêndio. No acumulador serial, ter todos esses objetos ao seu redor tem um efeito tranquilizador. Isolamento social. Pessoas com transtorno de acumulação normalmente têm interações sociais limitadas ou tendem a se isolar. Na verdade, cria-se um processo paradoxal: ao acumular, quem sofre de disposofobia tenta suprir uma deficiência emocional, mas ao mesmo tempo se distancia dos outros. A tendência para acumular pode por vezes apresentar-se como um sintoma de outra doença psiquiátrica e neurodegenerativa. Na verdade, existem muitas condições patológicas que podem dificultar a organização das coisas. A acumulação compulsiva é frequentemente associada a um transtorno de personalidade, mas também pode estar relacionada a transtorno obsessivo-compulsivo, depressão, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), psicose ou demência. As manifestações associadas à disposofobia variam em gravidade, de leve a grave: em alguns casos, este distúrbio pode não ter um grande impacto na vida de quem o sofre, enquanto outras vezes cria sérios impedimentos na gestão das suas atividades diárias. A principal característica da disposofobia é a aquisição de um grande número de bens associados à incapacidade de se livrar deles, apesar de esses objetos serem aparentemente inúteis ou de valor limitado. Na verdade, a acumulação está associada ao prazer imediato.

 

 

Rossana Köpf – psicanalista

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