]Descrição Técnica
Título – A primeira e última comunhão
Autor – Cristóbal Rojas (1857-1890)
Ano – 1888
Técnica – óleo sobre tela
Dimensões – 200 x 250,5 cm
Localização – Galeria Nacional de Arte de Caracas-Venezuela.
Cristóbal Rojas Poleo nasceu em Cúa-Venezuela, em 15/12/1857, e faleceu em Caracas-Venezuela, em 8/11/1890, com 31 anos. Seus pais trabalhavam na área médica. Sua infância foi afetada pela guerra federal (1859-1863). Iniciou os estudos com o avô, José Luis Rojas, que o incentivou a desenhar. Aos 13 anos, após a morte do pai, enfrentando a pobreza, foi trabalhar em uma fábrica de fumo.
Em 1883, recebeu uma bolsa de estudos e partiu para a Paris. Inspirado por constantes visitas ao Louvre, Rojas experimentou tendências pictóricas do romantismo ao impressionismo. Sua pintura, com tons escuros e dramáticos, foi fortemente influenciada pelo estilo realista de Gustavo Courbet (1819-1877) e Honoré Daumier (1808-1879).
Em Paris, entre 1886 e 1889, ele expôs várias telas, como: La miseria (1886), que lhe rendeu uma menção honrosa; El violinista enfermo (1886); La taberna (1877); El plazo vencido (1887); La primera y última comunión (1888) e El bautizo (1889).
Em 1890, tuberculoso, retornou à Venezuela e, consumido pelo bacilo de Koch, faleceu em 8/11/1890, em Caracas. Em 1893, recebeu uma premiação póstuma, medalha de honra, na Exposição Mundial.
Rojas, um dos mais importantes pintores da Venezuela do século XIX, pintou temas como a miséria e a morte, retratados em personagens melancólicas e tuberculosas.
A tela em pauta, “A primeira e última comunhão”, aborda o tema constante de sua obra: a tuberculose. Segundo Anna Gradowsk,1990, nessa obra, Rojas relaciona o problema social com o religioso e o faz da forma usada no final do século XIX: “em vez de uma imagem sagrada tradicional, encontramos o Deus Invisível: sentimos sua presença mística por trás da exaltada cerimônia cristã”.
O quadro mostra, em primeiro plano, seis pessoas em uma sala, onde reina a desesperança. A personagem central é uma menina, reclinada em uma poltrona vermelha, prestes a receber pela primeira e última vez o sacramento da comunhão. Em seu rosto, pálido e caquético, nota-se sinais de tuberculose avançada, que fatalmente a levará ao óbito. Sua roupa branca, símbolo da pureza, cobre todo o seu corpo, deixando visível apenas o rosto e a mão esquerda. Atrás da menina, sentada, sua mãe com expressão de dor, tenta proteger a filha.
Do lado direito da tela, provavelmente o pai, no escuro, pois a luz da janela não o ilumina, com a mão no rosto e uma expressão de desolação. Um pouco à frente uma criança de joelhos. Na extrema direita, uma cama de metal com cobertas.
Do lado esquerdo da tela, bem iluminados, com a luz que se projeta da janela, um padre levantando a hóstia e um coroinha segurando uma vela. Suas roupas são brancas e rendadas. O olhar do coroinha é de compaixão. Na extrema esquerda, um crucifixo e uma vela acesa repousam em uma mesa coberta com uma toalha branca. Luz e sombra, claro e escuro compõem esse ambiente lúgubre.
Esta tela foi pintada durante a convalescença de tuberculose de Rojas, em Villeneuse-Saint-Georges, na França, e exposta, pela primeira vez, no Salão da Sociedade dos Artistas Franceses, no Palais des Champs-Élysées, em Paris, em 1888.
Fortaleza, 25 de março de 2021
Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.
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