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7 coisas que precisamos saber sobre morcegos e o risco de novas pandemias

Hoje, à medida que mais e mais pessoas invadem o habitat dos morcegos, os patógenos transmitidos por eles, representam um campo epidemiológico minado em 113 países, onde é alto o risco de um vírus saltar de espécies e infectar humanos.

 

 

Os morcegos estão ligados a muitos dos surtos de doenças mais mortais que ocorreram durante o último meio século, incluindo a atual pandemia da COVID-19, que matou pelo menos 7 milhões de pessoas, e tem suas raízes em uma família de coronavírus transmitidos por morcegos. Embora os cientistas ainda estejam tentando descobrir como esse vírus infectou humanos, dezenas de outros surtos podem ser atribuídos a incursões humanas em áreas repletas de morcegos.

 

 

Para examinar onde a próxima pandemia pode surgir, uma pesquisa usou duas décadas de surtos de doenças e dados ambientais, para identificar os lugares do planeta mais vulneráveis ao “transbordamento zoonótico”, o termo para quando um vírus salta entre as espécies. Os vírus saltam de morcegos para humanos, por meio de um hospedeiro intermediário, como um porco, chimpanzé ou civeta, ou mais diretamente através do contato humano com urina, fezes, sangue ou saliva de morcego.

 

 

Os pesquisadores falaram com dezenas de cientistas, leram extensas pesquisas acadêmicas e viajaram para países ricos em morcegos em todo o mundo, para aprender como a destruição humana de áreas selvagens está ampliando o risco de pandemia. Nessa análise de dados, a primeira desse tipo, revelou um sistema econômico global colidindo com a natureza, e colocando a saúde das pessoas em risco, à medida que florestas ricas em morcegos são derrubadas para dar lugar a fazendas, minas, estradas e outros empreendimentos.

 

Aqui estão as principais conclusões do estudo:

1- A pesquisa encontrou mais de 9 milhões de quilômetros quadrados na Terra, onde as condições em 2020, estavam propícias para um vírus transmitido por morcego se espalhar, possivelmente provocando outra pandemia. Essas áreas, que chamamos de “zonas de salto”, abrangem o globo, cobrindo 6% da massa terrestre da Terra. São principalmente locais tropicais ricos em morcegos e em rápida urbanização.

 

2- Quase 1,8 bilhão de pessoas, mais de um em cada cinco de nós, viviam em áreas com alto risco de propagação em 2020. Isso é 57% mais pessoas vivendo em zonas de salto do que duas décadas antes, aumentando as chances de que um vírus mortal de morcego, pudesse se espalhar sobre humanos. Além disso, essas pessoas estão vivendo mais próximas, intensificando as chances de que um surto de doença se transforme em uma pandemia global de rápida expansão.

 

3- A análise da pesquisa encontrou alto risco de contágio em locais como China, onde a COVID-19 surgiu; o vizinho Laos, onde os cientistas identificaram os parentes mais próximos na vida selvagem do vírus responsável pela atual pandemia; a Índia, onde meio bilhão de pessoas vivem em zonas de salto em rápida expansão, mais do que qualquer outra nação; e o Brasil, que tem mais terras em risco do que qualquer outro país, enquanto os humanos devastam a Amazônia.

 

4- O catalisador dos surtos, não é o comportamento dos morcegos, dizem os cientistas, mas o próprio comportamento humano. A sede por recursos, minério de ferro, ouro, cacau e borracha, para citar alguns, está impulsionando o desenvolvimento descontrolado de áreas selvagens, e aumentando o risco de pandemias globais, devido ao maior contato com animais, dizem os cientistas. As zonas de salto do mundo perderam 21% de sua cobertura de árvores em quase duas décadas, o dobro da taxa mundial.

 

5- A pressão sobre florestas outrora remotas, dá aos vírus a chance de se espalhar e sofrer mutações à medida que saltam entre as espécies animais e, eventualmente, nos humanos. O mortal vírus Nipah nas últimas décadas, se espalhou de morcegos frugívoros asiáticos para porcos, e de porcos para pessoas. O Nipah, mais recentemente, provou ser capaz de infectar humanos diretamente, através do contato com fluidos corporais de morcegos.

 

6- A humanidade está destruindo habitats cruciais antes que os cientistas tenham tempo de estudá-los. O desenvolvimento não apenas coloca as pessoas em contato mais próximo com patógenos, que podem ter potencial pandêmico; também elimina os segredos que a natureza pode conter e que podem ser valiosos para a ciência. Por exemplo, a capacidade dos morcegos de conviver com múltiplos vírus, sem sucumbir a muitos que podem ser mortais para outros mamíferos, pode render conhecimentos importantes para a criação de vacinas, medicamentos ou outras inovações.

 

7- Governos e corporações estão fazendo pouco para avaliar o risco. Na Guiné, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim e Gana, ricas em morcegos, onde a pesquisa constatou que o risco de pandemia está entre os mais altos do mundo, os pedidos pendentes dobrariam o território usado para exploração e extração de mineração, para um total de 400.000 quilômetros quadrados, uma área maior que a Alemanha. Quase um terço dessa expansão seria em zonas de salto existentes, onde o risco de transbordamento já é alto. Embora esses países exijam que as mineradoras avaliem os possíveis danos ambientais que as novas concessões possam causar, nenhum deles exige que as empresas avaliem o risco de transbordamento.

 

 

Referente ao artigo publicado em Medscape Pulmonary Medicine.

 

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