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NEM QUE SEJA

NEM QUE SEJA

Daniel Arruda Teixeira

Vem me ver

nem que seja pela última vez

Não sei me construir

sou um rasgo de mim mesmo

engulo e choro

como o solo engole a tempestade

Meus sorrisos são lágrimas ao avesso

e as lágrimas são os sorrisos

que saíram pelos olhos

vindos do peito

minha fenda é profunda

Sou a própria fenda

Sozinho dentro de mim

teu olhar está aqui

Sou um pedaço que ainda sonha

reencontrar-me com o todo

que já fui um dia

ou pelo menos a ilusão de todo

que eu tinha

Vem me ver

como se não houvesse pecado

transgressão

nem necessidade de perdão

como se fosse possível criar

do instante, a eternidade

como se a morte fosse só

um detalhe

Vem me ver

Nem que seja pela última vez

 

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