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Pesquisa avalia impacto da pandemia na saúde mental de gestantes

São Paulo, março de 2021. Estudo brasileiro inédito revela como a pandemia por Covid-19 tem afetado a saúde mental de gestantes e puérperas. Com foco na mensuração da ansiedade materna, a pesquisa entrevistou 1662 mulheres, de dez cidades brasileiras, e constatou que 23,5% das gestantes apresentaram níveis moderado e grave de ansiedade. Na população geral, sintomas de ansiedade – em todos os níveis – atingem 7,7% das brasileiras, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A coordenadora da pesquisa, a obstetra Profa. Roseli Nomura, presidente da Comissão Nacional do TEGO e da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da Febrasgo, comenta o aumento da ansiedade materna mostrou-se relacionado majoritariamente à falta de confiança na autoproteção contra a Covid-19, dúvidas quanto à presença de acompanhante durante o parto e dúvidas sobre a segurança da amamentação, indicando que o aconselhamento para tais questões pode ser melhorado durante o atendimento pré-natal e na admissão hospitalar. Prognóstico incerto, isolamento social, restrição de liberdades individuais, perdas financeiras, declínio na qualidade de vida e mensagens conflitantes de autoridades governamentais podem somar como estressores e possivelmente desencadear crises de saúde mental.

A professora aponta também que os resultados refletem o grau de conhecimento da gestante sobre o novo coronavírus e também a gravidade do surto na região geográfica em que reside. Realizada entre junho e agosto de 2020, as entrevistas mostraram a ansiedade materna mais prevalente e grave no Centro-Oeste e no Sul – regiões que, naquele momento, apresentavam alto no número de casos. “As notificações de mortes podem potencialmente impactar a saúde mental materna e aumentar o risco de transtornos de ansiedade”, comenta a Profa. Roseli. 

Segundo a pesquisadora, os médicos residentes que realizaram as entrevistas notaram grande necessidade das gestantes de conversarem e externarem suas preocupações e angústias. Acolhe-las e ajudá-las a focar em aspectos positivos, relacionados à gravidez e à chegada da criança, pode ajudar a diminuir sua ansiedade. Fornecer informações corretas e atualizadas de maneira clara é outro modo de contribuir para tranquilizar a gestante. A Profa. Roseli comenta que esse cuidado não se limita à manutenção da qualidade de vida, mas um apoio à sua saúde mental “Ainda estudamos o impacto da ansiedade na gestação. Mas sabe-se que mulheres com ansiedade apresentam maior potencial para desenvolvimento de depressão pós-parto”.

 

A Pesquisa

Publicada no Journal of Clinical Medicine, a pesquisa abrangeu puérperas entrevistadas até o terceiro dia após o parto, antes alta hospitalar. Para participar do estudo, os pesquisadores consideraram mulheres maiores de 18 anos; com idade gestacional no parto superior a 36 semanas; recém-nascido único, vivo e sem malformações; sem suspeita clínica ou diagnóstico atual de Covid-19; ausência de diagnóstico psiquiátrico ou distúrbios mentais (como depressão, distúrbio bipolar, esquizofrenia, etc.); e com boa saúde.

Para avaliar a ansiedade materna foi utilizado o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). De acordo com as respostas, os níveis de ansiedade foram definidos em mínima, leve, moderada e grave. As questões foram respondidas seguindo instruções breves e padronizadas. Outro questionário abordou o conhecimento e preocupações da mulher com a Covid-19 e compreendeu quatro domínios: conhecimentos gerais e preventivos, preocupações no pré-natal, cuidados e medos durante o parto, cuidados e preocupações com o recém-nascido. 

A realização das entrevistas ocorreu em hospitais vinculados a universidades públicas de 10 cidades do país – Manaus, Natal, Teresina, São Paulo, Campinas, Botucatu, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande e Brasília – e contou com a participação de professores universitários e médicos residentes treinados para conduzir as entrevistas e orientar as mulheres no preenchimento os formulários, bem como fornecer orientações de saúde sobre os cuidados com a Covid-19 e eventuais dúvidas sobre a gestação.

 

A obstetra Profa. Roseli Nomura (CRM: 59590-SP – RQE: 30224, 302241) é coordenadora da pesquisa, presidente da Comissão Nacional do TEGO e da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da Febrasgo

 

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