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Apreciação Crítica da obra “As duas Fridas”

Descrição Técnica

Título – As duas Fridas

Autor – Frida Kahlo (1907-1954)

Ano – 1939

Técnica – óleo sobre tela

Dimensões – 173 x 173,5 cm

Localização Museu de Arte Moderna do México, Cidade do México.

 

Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón, conhecida como Frida Kahlo, nasceu em Coyoacán-México, em 6/7/1907, e faleceu de embolia pulmonar, na mesma cidade, em 13/7/1954, com 47 anos. Seu pai, Guillermo Kahlo (1871-1941), imigrante alemão de nacionalidade mexicana, era fotógrafo. Sua mãe, Matilde Calderón y González (1876-1932), mexicana, era de origem indígena e espanhola.

Frida contraiu poliomielite, aos seis anos de idade, ficando com o membro inferior direito atrofiado. Esse fato levou-a a usar saias compridas. Além da poliomielite, Frida foi vítima de uma série de doenças ao longo da vida e submetida a mais de 30 cirurgias.

Com 18 anos, Frida sofreu um grave acidente de trânsito, fraturando três vértebras, a pelve (bacia) e os ossos (tíbia e fíbula) da perna direita, quando o ônibus em que viajava chocou-se com um bonde e uma barra de ferro perfurou-lhe as costas.

Em 1928, ao entrar para o Partido Comunista Mexicano (PCM), conheceu o mundialmente aclamado muralista Diego Rivera (1886-1957), casando-se com ele, em 1929. O casamento conturbado com Diego teve várias idas e vindas, divórcio, em 1939, e novo casamento, em 1940.

Frida pintou a tela “As duas Fridas”, em 1939, logo que se separou de Diego, quando estava processando a dolorosa crise conjugal que culminou com o pedido de divórcio pelo seu amado. O trauma da separação fez com que ela se retratasse, revelando as duas personalidades que coexistiam em si própria: uma mexicana, amada por Diego, e a outra europeia, que ele rejeitava.

Na tela em pauta, em primeiro plano, vemos duas mulheres sentadas, sobre um banco verde, de mãos dadas. São as duas Fridas. A da direita está vestida com saia longa e blusa de mangas curtas, de cores fortes, como as roupas das índias mexicanas Tehuanas, segurando um talismã com um retrato de Diego criança; a da esquerda está vestida como uma europeia: saia longa branca, bordada com flores vermelhas, e uma blusa branca de renda, com gola alta e mangas bufantes.

Os corações das duas estão expostos e ligados por veias braquiocefálicas. O da Frida mexicana está intacto e o da europeia está aberto, dilacerado, com as estruturas internas (válvulas, músculos papilares e cordas tendíneas) visíveis.  A veia subclávia direita da Frida europeia está partida, gotejando e presa por uma pinça cirúrgica que ela controla para estancar, ou não, a hemorragia. Os detalhes das mãos e dos corações, mostram que a Frida mexicana apoia e mantém viva a Frida europeia.

Na tela, em segundo plano, um céu escuro, carregado de nuvens, evidencia o sentimento perturbador que inundava a alma de Frida Kahlo.

Em 1950, Frida escreveu em seu diário, 11 anos depois de ter pintado “As duas Fridas”, uma memória de infância, fazendo alusão à sua obra:

“ORIGEM DAS DUAS FRIDAS = Lembranças. Eu devia ter 6 anos quando vivi intensamente a amizade imaginária com uma menina mais ou menos da mesma idade. Não me lembro de sua imagem e nem de sua cor. Mas sei que era alegre. Ela ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se não tivesse peso algum. Eu a seguia em todos os seus movimentos e enquanto ela dançava eu lhe contava meus problemas secretos. Quais? Não me lembro. Mas ela sabia pela minha voz todas as minhas coisas (…)”

A dualidade do quadro “As duas Fridas” nos remete, também, à Frida e a sua amiga imaginária de infância, que dançava alegremente, enquanto ela sofria com as sequelas da poliomielite, que havia sido acometida.

Em 1947, Instituto Nacional de Belas Artes da Cidade do México adquiriu “As duas Fridas” por 4.000 pesos. Uma reprodução  deste quadro está no Museu Frida-Kahlo (Casa Azul), em Coyoacán, no México, maravilhando os visitantes.

 

Fortaleza, 8 de abril de 2021

 

dra. anaAutora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.

 

 

 

 

 

 

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