Coluna Momento de Reflexão: Dignidade da indignidade

A indignidade de uma vida sofrida de muito penar é deveras maltratante. Qual a missão que podemos abraçar para transformar dor em amor? Como contornamos a mente abalada pela pouca ou louca capacidade de pensar, amar e mudar; essa que está presente nas pessoas mergulhadas, submersas e atoladas no inferno do desmedido sofrer? Entender o mistério do penar e da angústia, ainda que exista uma provável razão evidente e consciente, ou que seja oriunda de nossa fantasia ou de algum medo escondido inconsciente, é muito enigmático.

Na realidade, todos somos sim, seres faltantes e carentes, sedentos da necessidade de desejos; que, muitas vezes, não conseguimos obter ou decifrar. Desbulhando o caminho do saber, da ciência e da filosofia, que sabe, estuda e desafia o mistério nosso de cada dia, da própria existência que o coração irradia, somos factiveis sim, de compreender que tudo faz parte do todo, até mesmo o que não queremos, o que repudiamos até cansar, o que desprezamos sem pestanejar, ou aquilo que não imaginamos suportar. Curioso que, enraizado num dilema, medo ou problema, algumas vezes, escorregam e se avolumam novos impedimentos, como numa saraivada de energia negativa, para nesse momento nos testar e comprovar a cimentada capacidade de mudar.

Tudo passa, até mesmo o que imaginamos não passar. Essa reflexão da dignidade da indignidade é um espelho para revelar, relouvar, e relevar o valor do persistir, do insistir, de um exemplo a copiar, do perseverar, da descoberta de um caminho com alegria e espinho, do destruir o desistir; e do saber o bom sentido do existir: o bem servir e o amar. E, nesse final, ponto final; afinal, talvez o viver seja nada mais do que isso, escrito avante dos dois pontos. Faça a vida valer a pena; sempre e em todo lugar.

A coluna Momento de Reflexão é publicada aos sábados com a assinatura do Dr. Russen Moreira Conrado, Cirurgião Plástico e psicoterapeuta, CRM: 5255-CE – RQE Nº: 1777 – RQE Nº: 1811

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