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Paris – Cidade-Luz

No curso ginasial tive uma professora de francês, dona Raimundinha, que nos ensinou a rezar a “Ave Maria”, em francês. Todos os dias, antes de começar a aula, ficávamos de pé e rezávamos:

Je vous salue Marie, pleine de Grâce, le Seigneur est avec vous, Vous êtes bénie entre toutes les femmes et Jésus, le fruit de vos entrailles, est béni. Sainte Marie, Mère de Dieu, priez pour nous pauvres pécheurs maintenant et à l’heure de notre mort. Ainsi soient-ils !

Quando falávamos Mère de Dieu, tínhamos que segurar o riso, pois nos soava uma palavra parecida com “merda”. Era tudo decorado. Porém, Bonjour ! Comment allez vous ? Très bien, merci et vous ? , era diferente, era mágico. A língua francesa caiu como uma luva em minha cabeça. Sempre gostei. Quando resolvi estudar na Aliança Francesa, não tive a menor dificuldade com a língua. Foi um prazer.

Fui à Paris pela primeira vez, com a minha irmã Cleide. Foi a última cidade que visitamos, depois de um giro por Jerusalém, Egito, Grécia e Roma. Era novembro de 1987. Apesar do frio, todas as minhas expectativas foram superadas. A cidade me fascinou. Não havia tantos turistas, como hoje. Somente americanos e japoneses.

Voltei depois, com o Rose, em 1994, e nunca mais deixar de visitá-la. Não vou escrever sobre os pontos turísticos de Paris, porque Paris não é apenas para ser vista. Paris é para ser sentida. Para isso é preciso conhecer sua língua, sua culinária, sua moda e principalmente sua história.

Lembro-me do papai, historiador apaixonado, falando da Revolução Francesa. Ele dizia que a Revolução Francesa foi um vulcão que varreu a realeza em quase toda Europa. Depois, já na faculdade de história, estudei esta revolução. Ela durou 10 anos (1789-1799) e foi bem complexa.

A República que ela gerou é representada por uma figura alegórica de mulher, personificação nacional, que os franceses chamam de Marianne (contração de Marie e Anne). Eugène Delacroix (1798-1963), pintor francês, plasmou a Marianne em sua mais famosa tela, “La Liberté guidant le Peuple (1830)” – A liberdade Guiando o Povo -, retratando a “Revolução de Julho de 1830”, e a queda de Carlos X.

Para compreender a “Revolução Francesa” e as demais revoluções que ocorreram na França do século XIX, é preciso entender um movimento que ocorreu na Europa e floresceu na França, chamado de “Iluminismo”.

Paris foi o centro desse movimento contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado. Vários intelectuais e pensadores europeus contribuíram para o iluminismo, como: Spinoza (1632-1677), John Locke (1632-1704), Pierre Bayle (1647-1706) e Isaac Newton (1643-1727).

Entretanto, foi em Paris que o Iluminismo floresceu e culminou com a edição da grande Encyclopédie (1751-1772), por Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d’Alembert. Voltaire (1694 -1778) e Montesquieu (1689-1755) também contribuíram para a “Famosa Enciclopédia”, que vendeu cerca de 25.000 cópias, do conjunto de 35 volumes, sendo a metade fora da França.

As novas ideias disseminadas pela “Enciclopédia” se espalharam para os centros urbanos de toda a Europa, como: Inglaterra, Escócia, Alemanha, Países Baixos, Rússia, Itália, Áustria e Espanha. Em seguida, a “Enciclopédia” atravessou o Atlântico e influenciou Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, entre outros, para a “Revolução Americana”.

Os ideais políticos que a “Enciclopédia” disseminou influenciaram a “Declaração de Independência dos Estados Unidos”, a “Carta dos Direitos dos Estados Unidos” e a “Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão”.

Paris carrega o título de “Cidade-Luz”, não só pela sua bela iluminação, mas porque durante séculos as mentes iluminadas para lá convergiram tornando a cidade o centro mundial de história, cultura e arte.

 

dra. ana

 

 

Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.

 

 

 

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