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Coluna Momento de Reflexão – Lágrimas

A lágrima da perda, em si, tem um sentido diferente da lágrima vinda da dor do desamor, do desamparo e do desvalor. Misturam-se no enlevo para entendê-la, o senso do arrependimento desgastante, a saudade recidivante, a culpa flutuante, a razão do continuar, o que não compreendemos, aquilo que instiga o lacerante pensar. Com ou sem controle da sublime emoção, despejamos ou destilamos no tempo, mais ou menos lágrimas, dependendo de uma série de fatores. Muitas vezes, ela é sinônimo de nostagia e lembrança; noutras ocasiões, expressão do amor faltante, ou sublimação de um desejo reticente que não se manifestou. Entender o efeito dela no momento do luto representa uma interessante reflexão.

Algumas pessoas dizem: chore no instante que se manifestar essa vontade; outras dizem, ore. Se espiritualmente pudéssemos compreender com exatidão, o melhor intuito dessa manifestação, faríamos (ou tentariamos fazer), o que fosse mais conveniente. Decerto, o louvor do amor, da vida e da alegria traz uma energia supostamente bem mais radiante e gratificante. A presença da lágrima no tempo certo é factivel também, de oferecer o consolo, ou conforto necessário, ainda que presente no deserto, ou no oásis do pensamento. Aqui nesse singelo escrito pergunto: qual o propósito dela diante dos outros, e diante do seu psiquismo chamuscado pelo enigma da dor da perda, e do sofrer? Ninguém jamais, em tempo algum, por nenhuma circunstância, deve se perpetuar na algema que o inconsciente ocasionalmente aprisiona.

Se chorar representasse a maior solução, as carpideiras não seriam chamadas apenas para os velórios ou momentos fúnebres. Lembro-me de um pai que perdera seu filho dizendo: “se minhas lágrimas trouxessem meu filho de volta, eu não parava de chorar”. Até que ponto a lágrima faz a volta sutil daquilo que não queríamos perder? Ou alimenta um sofrer diferente no espírito que partiu? Ou abranda o coração que se feriu? Como num triunfo notável e exitoso, questiono enfim, o que sucumbe e ameniza a luta, ou a fuga que a geriu, que a criou? Decerto, em tudo, façamos a vida valer a pena. A alegria pisca no olhar; enigmas perpetuam-se no lacrimejar. Que no sangue da dor, nossa lágrima se renove, e se transforme em amor.

Lágrimas – o mistério do seu valor, mesmo o amor, não explica com fervor, seu fascinante, cortante e abundante fulgor.

 

 

 

A coluna Momento de Reflexão é publicada aos sábados com a assinatura do Dr. Russen Moreira Conrado, Cirurgião Plástico e psicoterapeuta, CRM: 5255-CE – RQE Nº: 1777 – RQE Nº: 1811

 

 

 

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