Luz no fim do túnel

Ouço ocasionalmente, pessoas que estão com algum nível de sofrimento, ou passando por momento de perdas e desilusões, dizendo: “já estou vendo a luz no fim do túnel”. Reflito – o que seria para muitos essa luz, ou esse túnel? Como diluir o efeito das adversidades, sem precisar que o tempo passe tão estonteante, ou “estacionantemente” no pensar? Qual a razão principal para se conseguir visualizar essa luz e vislumbrar a felicidade escondida? E o que é factivel de ser feito para que ela se manifeste de maneira mais rápida, e menos angustiante?

Dependendo da “intensidade, cor, local, ou brilho”, muitas vezes, esse insight, luminosidade ou lampejo, somente é possivel ser detectado quando o túnel está no profundo escuro da percepção, no momento que um precioso consolo se manifesta, ou nas turvas trevas do pensamento. Decifrá-la seria reencontrar outra motivação de existir; perceber que tudo passa, que a solução chega, que a saudade que dói esmorece sem querer. Vê-la também seria entender o mistério que se torna menos desgastante e questionante; é um ato de amor pela vida. Ressignificar, aceitar, superar o que maltrata, amadurecer, harmonizar-se, e fazer valer a pena o viver.

O que seria esse túnel? Tempo, mente, decisão, vontade esperada, tempero da vida, um desejo retido, consolo na imaginação, a renovação da capacidade de sonhar, pressa da solução, o que não conseguimos entender, avidez pela alegria, o inesperado, o caminho percorrido, esperança aflorada, o novo que queríamos alcançar ou encontrar. Essa luz, de alguma maneira, representa o intimo mais profundo do inconsciente; esse desconhecido controlador de emoções, que nos abranda a dor, e que nos acalenta no caminho do amor. Achemos a luz no fim do túnel; agradeçamos o que nos aquieta; sobretudo, porém, façamos o possível para que apareça no início do desfiladeiro onde ela se esconde. Ela é paz, consolo, aceitação, superação, entusiasmo e readaptação. É maturidade. É vida com razão.

A coluna Momento de Reflexão é publicada

aos sábados com a assinatura do Dr. Russen

Moreira Conrado, Cirurgião Plástico e

psicoterapeuta, CRM: 5255-CE –

RQE Nº: 1777 – RQE Nº: 1811

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