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O Muro dos Communards no Pere-lachaise de Paris

O “Cemitério Père-Lachaise”, localizado no 20º arrondissement, é o maior cemitério intramural de Paris e um dos mais famosos do mundo.

As pessoas que estão enterradas lá atraem mais de três milhões e meio de visitantes por ano, tornando o Père-Lachaise o cemitério mais visitado do mundo. Além dos famosos, o Père-Lachaise abriga o “Muro dos Communards”.

Um communard é a denominação que se dá a uma pessoa que participou dos eventos da “Comuna de Paris”, em 1871, ou, por extensão, em uma das outras comunas insurrecionais da França durante a guerra civil que se opôs ao governo de Versalhes.

Os communards eram profissionais liberais, pequenos comerciantes, trabalhadores, empregados ou artistas, a favor da democracia direta e contrários à capitulação francesa durante o período franco-alemão (1870-1871).

O movimento communard, representado por vários grupos, como: jacobinos centralizadores, marxistas internacionalistas, blanquistas independentes e anarquistas, nasceu após uma revolta dos parisienses, em 18 de março de 1871. Os communards lutavam por uma república federalista, democrática e social, com autonomia absoluta para as comunas da França, bem como uma separação entre Igreja e Estado.

No entanto, se o movimento comunitário persistiu em Paris, grandes cidades da França como Marselha, Lyon, Saint-Étienne, Toulouse, Narbonne viram o movimento perder força e encurtar. De fato, a partir de Versalhes, a propaganda de Adolphe Thiers provocou a rejeição do movimento no campo.

Em Paris, os communards eram cerca de 200.000. Em 28 de maio de 1871, durante a “Semana Sangrenta”, na luta final da “Comuna de Paris”, 147 fédérés (soldados da comuna), foram capturados pelo exército francês, executados e enterrados em uma vala comum ao pé do muro do cemitério Père-Lachaise.

Transcrevo, abaixo, um trecho da famosa “Carta de Paris”, feita pelo Professor Rosemberg ao Dr. Tarantino, em 18 de junho de 1988, em que ele se refere ao “Cemitério Père-Lachaise” e ao “Muro dos Communards”.

“O Père Lachaise se impõe porque aqui ninguém está morto; a imensa maioria está viva em nossa cultura, na História. Entre as calmas aleias detenhamo-nos diante Molière, Augusto Comte, Gay Lussac. Olha ali Musset, o poeta lírico; é ele mesmo que auto-observou as pequenas flexões de sua cabeça, porque sofria de insuficiência cardíaca. Meu caro Tarantino sabe melhor do que eu esse negócio desse sinal, porque conhece muito mais semiologia. Mais adiante, encontramos Oscar Wilde que morreu no opróbio, mas continua imortal. Por outra aleia chegamos a Rossini; como esse fabuloso compositor de óperas, 100% italiano, foi morrer em Paris?  Em seguida passamos por Balzac, Proust, Paul Elouard, a divina Sara Bernhardt e a incomparável Edith Piaf. Aquele túmulo coberto de flores é de Allan Kardec, mas até hoje ninguém encarnou seu espírito para desespero de seus crédulos seguidores.

Ali adiante encontramos os maiores marxistas franceses, Barbusse, Thorez e Duclos. Paremos diante desse muro branco, que parece imaculado, mas que outrora foi borrado de sangue. Há 120 anos os remanescentes da “Comuna de Paris” se entrincheiraram neste cemitério e os 147 sobreviventes foram nele encostados, fuzilados e enterrados na vala comum. O general que comandou o massacre proferiu discurso “profético”. “Graças a Deus, com a morte desses impostores e traidores, as futuras gerações jamais ouvirão a palavra comunismo, porque ela desaparecerá dos dicionários”. Essa clarividência profética sobre os (?) sociológicos, revela bem a miopia de todos os militares”.

Autora: Dra. Ana Margarida Arruda
Rosemberg, médica CRM 1782-CE,
historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina
e Conselheira do Jornal do Médico.

 

 

 

 

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