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Morte da Morte

Eis o fato mais certo da vida – a chegada da morte. Hoje estamos vivos. O que fazer entre o agora e o depois? Enigmática mudança. Por que sofremos tanto diante dela? Qual o recurso psíquico que precisamos aprimorar para suportá-la mais serenamente, no inexorável transcurso da vida? Por qual motivo ela remexe insistentemente em nossa condição de aturá-la, ainda que seja previsível sua presença? Nesse texto, eu a mato um pouco; mesmo que eu não consiga eliminar a fatia que morreu dentro de mim quando perdi alguém que amo. A filosofia da morte também concebe que sofremos mais na imaginação do que na realidade; ou seria diferente? Alguns fatos matam o temor dela. O que alerto aqui é sobre o que precisamos ressuscitar, antes do seu surgimento, do seu aproximar.

Se a morte é um fim, nada teria após sua manifestação? Sendo uma transição, uma passagem para um enigmático além, como saber do caminho avante, se jamais morremos, se estamos aquém de interpretá-lo? Misturam-se ai religião, espiritualidade, filosofia, ciência e o que vem da sábia consciência. A ilusão do que concebemos existir, que seja um aliado do nosso pensar. Acreditar noutro espaço mais pacífico, ameno e sereno torna-se uma valiosa energia da fé; ou seria isso a própria fé? Trucidar e aniquilar a morte para viver uma vida de plenitude, amor, paz, alegria, gratidão, aceitação e superação – seria isso factível, ou apenas uma ficção, uma meditação? Seria possível matar um pouco da morte, ou minorar a sequela do seu existir, engrandecendo o nosso autoconhecimento, ou exuberando o soberano Deus existente no nosso pensar e agir? Ou o conhecer-se profundamente não altera o abismo das entranhas que existe nela? Rebusca apenas sua superficialidade?

São muitos mistérios nessas indagações. Medo, decisão, ações, escolhas, desejos, lágrimas, começos e novos recomeços, reações. Morte – eu somente a mato se entendê-la? Ou aceitá-la bem, na mente, requer desprezá-la sutilmente? O tipo do óbito, as circunstâncias da sua existência, o preparo prévio para acatar essa parada, a inexistência ou suplantação da culpa, o conhecimento que nos agrega bom saber, as pessoas que estão do nosso lado, entender a capacidade de sofrer e o que vem do seu desprazer, palavras de conforto – tudo faz parte desse processo, de matar a morte sem morrer. No passamento alheio de alguém muito amado, a continuidade do ser vivente se impõe; mesmo que o fardo da aceitabilidade passe longe do alívio da serenidade (que o tempo concebe ou repõe). Viva a vida com a magia do bem servir e do amor – isso também é uma morte da morte (é uma espécie de aceitar, com vigor, mesmo sem certeza, um aceite que não se aceita). Tudo passa. “Faça a vida valer a pena” – RMC.

 

 

A coluna Momento de Reflexão é publicada

as segundas-feiras com a assinatura do

Dr. Russen Moreira Conrado

Cirurgião Plástico e psicoterapeuta CRM: 5255-CE

RQE Nº: 1777   – RQE Nº: 1811

 

 

 

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