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Voz da velhice

Grandes segredos existem sussurrando na vez, na voz, no viés, e no vazio ou na enchente que a velhice oferece. O que é a vida senão um eco, um livro aberto; uma escolha, um tempero e um aprender continuo; um sonho feito ou desfeito, um algo interrompido, uma passagem (gangorra entre desejos e frustrações), um caminho; semeio de amor, oportunidades, erros e acertos; um começo, uma sombra; um querer, um ser, ou um ter; a certeza de um fim e outros recomeços; um mistério? E onde entra a velhice nesse texto? Gritando e louvando a beleza e o enigma do valor do existir; no presente, colhendo o presente da paz semeada, ou tendo o espanto pela safra inesperada. Alguns medos evaporam, emudecem ou afloram a voz da velhice.

Uma das maiores características e capacidades do ser humano representa aceitar os limites que a existência e o tempo oferecem. Eduquemos nossas mentes para entender as nuances da experiência (filha do tempo), das cicatrizes do viver, das perdas flutuantes, das lágrimas reticentes! Algumas vezes, penso que “ensinar” o psiquismo para aceitar esses limites deve ser feito com esmero e maestria; e é sublime. Como fazer, porém, para contornar o malévolo efeito induzido pela demência, ou outras coisas mais, que arrancam ou são factiveis de destruir todo esse preparo? E que dificultam tudo que é feito no sumo da boa vontade, e no crivo dos bons desejos? Aí também é onde se manifesta o grito ou o silêncio dessa louvável fase da vida. A espiritualidade é um alicerce; é base da aceitação. Quem não chega na velhice morrerá cedo. A idade avançada é um louvor à vida, espelho do tempo; um pedestal do seu valor, e perene exuberância da dignidade e do amor.

Ritides descamufladas, cabelos brancos, força diminuída, limites nas ações, mazelas do tempo, experiência em profusão, e acomodação. Um grande peso e arroubo da velhice é o banho das lágrimas das perdas, que atiçam o valor da longevidade; e também a transformação da saudade e da realidade, do que foi ou do que virá. Parece que o próprio inconsciente trata de enganar dores substituindo o pensar (da enfermidade, das lágrimas, dos limites, da escondida bondade) em louvores – para não acentuar o sofrer ou o penar. A atenção alheia, a flutuação psiquica, e a missão da presença, algumas vezes, são aliados para quem pulveriza a todo o momento o berro da sapiência. Retorno – algo há de ficar. Velhice: fase para edificar a volta do aprendiz e do professor, a lição ensinada e a consumação do amor. A vida deve ser uma tatuagem da ventura do bem. Esse texto é um elogio e agradecimento a todos os jovens velhos; que, pela sua mansidão e ação, eternizam e ensinam o valor da vida que vale a pena ser vivida.

 

Coluna Momento de Reflexão é publicada

as segundas-feiras com a assinatura do

Dr. Russen Moreira Conrado

Cirurgião Plástico e psicoterapeuta CRM: 5255-CE

RQE Nº: 1777 – RQE Nº: 1811

 

 

 

 

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