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Diabetes aumenta em até 10 vezes o risco para doenças cardiovasculares

“O diabetes tipo 1 aumenta de duas até 10 vezes o risco de doenças cardiovasculares, dependendo do grau de controle glicêmico. Assim como para o diabetes tipo 2, a doença cardiovascular é também a maior causa de morte para as pessoas com diabetes tipo 1”, alerta Dr. Fernando Valente, endocrinologista palestrante do 15º Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia, o COPEM 2023, que acontece de 4 a 6 de maio no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

Em outras palavras, para aqueles que mantêm os valores de açúcar no sangue dentro das metas ideais (hemoglobina glicada próxima a 7%, ou seja, média de glicose ao longo do dia de 150 mg/dL nos últimos 3 meses) o risco é duas vezes maior de doença cardiovascular em relação a quem não tem diabetes. Mas para os que permanecem com glicose média de 240 mg/dL (hemoglobina glicada de 10%) o risco é dez vezes maior de ter doença cardiovascular.

De acordo com o endocrinologista, os dados epidemiológicos sobre diabetes e doença cardiovascular são mais abundantes para diabetes tipo 2: dados mundiais mostram que, aos 45 anos, mais de 70% dos homens e 50% das mulheres com diabetes tipo 1 (DM1) têm calcificação nas artérias coronárias, um importante marcador de risco de infarto do coração.

A incidência da doença cardiovascular varia conforme a idade de apresentação do diabetes, a duração da doença, o gênero e a etnia. Para jovens entre 30 e 40 anos de idade e diabetes tipo 1, o risco de doença coronariana é de 1% ao ano (risco intermediário); após os 55 anos, esse risco passa de 3% ao ano (muito alto risco).

“Considerando apenas as pessoas acima dos 30 anos, uma em cada três pessoas com diabetes tipo 1 morre de doença cardiovascular. Em média, os eventos cardiovasculares ocorrem 10 a 15 anos mais cedo em pessoas com diabetes tipo 1 quando comparadas a pessoas sem diabetes”, conta Dr. Fernando.

Diversos mecanismos estão envolvidos na relação DM1 e doença cardiovascular. O diabetes tipo 1 pode provocar rigidez vascular e entupimento das artérias e veias ao longo do tempo por alterar a função das células que revestem internamente os vasos sanguíneos (endotélio) e por facilitar o depósito de gordura nos vasos e a formação de trombos, já que as partículas de colesterol são qualitativamente piores.

O LDL (colesterol ruim) se torna uma partícula mais densa e o HDL (colesterol bom) fica disfuncional, perdendo a sua capacidade anti-inflamatória, o que resulta em maior formação de placa de gordura nas artérias. A elevação do açúcar no sangue e a baixa quantidade de insulina contribuem para causar inflamação nos vasos sanguíneos do corpo todo.

“Com ou sem diabetes, a doença cardiovascular evolui de maneira silenciosa ao longo da vida, até que ocorre um estreitamento significativo do espaço para a passagem do sangue. Em pessoas sem diabetes, a manifestação dessa oclusão vascular é mais clara, com dor aguda e de forte intensidade no peito. Nas com diabetes, a apresentação pode ser atípica, apenas com falta de ar, desconforto torácico ou náusea, sem dor”, explica o médico.

Ele conta que de 1998 para 2014, o risco de morte por doença cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 1 diminuiu em 40%. “Isso é reflexo do avanço no conhecimento médico, da educação das pessoas com diabetes sobre a própria doença, da maior ênfase na necessidade de monitorização do açúcar do sangue e, principalmente, do tratamento dos principais fatores de risco para doença cardiovascular, que são a alteração nos níveis de colesterol e pressão arterial, além da evolução do próprio tratamento para o diabetes. Para prevenir eventos cardiovasculares é fundamental o atingimento de metas de glicose, colesterol e pressão arterial”.

Entre as novidades sobre o assunto que serão apresentadas durante o COPEM 2023 estão os estudos recentes que mostram que pessoas com diabetes tipo 1 (e não apenas tipo 2) também têm aumento de resistência à insulina quando comparadas às pessoas sem diabetes e que, do ponto de vista cardiovascular, a presença de resistência à insulina no diabetes tipo 1 é um marcador mais forte de risco do que o próprio controle glicêmico.

“Está havendo uma mudança no perfil das pessoas com diabetes tipo 1: não são mais apenas crianças e adolescentes magros. Um terço à metade desses indivíduos está acima do peso e em torno de 80% dos indivíduos com diabetes tipo 1 são adultos. Isso porque quase a metade têm o diagnóstico já na vida adulta, além do fato de que os diagnosticados na infância ou adolescência tiveram o risco de morte por complicações metabólicas reduzido e a expectativa de vida aumentada”, finaliza Dr. Fernando Valente, cuja palestra no COPEM 2023 – congresso organizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP) – será “Doença cardiovascular no diabetes tipo 1: epidemiologia e mecanismos subjacentes”.

Sobre a SBEM-SP
A SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo) pratica a defesa da Endocrinologia, em conjunto com outras entidades médicas, e oferece aos seus associados oportunidades de aprimoramento técnico e científico. Consciente de sua responsabilidade social, a SBEM-SP presta consultoria junto à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, no desenvolvimento de estratégias de atendimento e na padronização de procedimentos em Endocrinologia, e divulga ao público orientações básicas sobre as principais doenças tratadas pelos endocrinologistas.

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