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Lágrima da força

Em muitos instantes que somos fulminados e feridos pela intempestiva agressividade do luto, observo eventualmente, que a lágrima da saudade, carrega embutida na sua essência e exclusividade, uma força gigante, extraordinária e necessária, para nos permitir continuar avante o caminho criado pela perda lancinante. Que a escrita, forte e farta, seja como a força da lágrima que precisa ser chorada, não necessariamente escondida. Muitas pessoas pedem para evitar o choro (de fato, é bom não fazer o açude da tristeza sangrar); não entendem, porém, o valor que ele frequentemente carrega em si. Rememorando a frase do Pai da psicanálise, Sigmund Freud, quando na singeleza da perda incentiva a encontrar o licor, do amor da vida: “onde abundam dores brotam os licores”. Mesmo disfarçado, enclausurado, hibernado ou secado pela eventual falsa firmeza, esse vigor carrega essa força.

 

Quando intitulei esse texto me veio a filosofia da explicação da lágrima que carece ser chorada, e que na minha certeza, não seja cravejada ou batizada pelo mundo que a chama de fraqueza. “Escrever é um chorar em palavras” (assim me ensinou uma sublime estudiosa da mente); e chorar, também é um escrever em lágrimas. Pesquisando nos meus alfarrábios literários, encontrei outra redação onde falo da vastidão do valor que tem o amor da lágrima; e a batizei de “Força na Lágrima” (mas, esse texto aqui é a … Lágrima da força). Naquele texto, exorto os amigos verdadeiros, transformadores, inspiradores e conselheiros, que nos estimulam a enaltecer o equilíbrio e a caridade, até mesmo com suas lágrimas (que fazem o tempo valer a pena e são redemoinhos de boas mudanças da existência). O conteúdo da glândula lacrimal vem abarrotado e carregado de amor, e se mistura com o tempero da saudade e da dor, e transporta uma preciosa energia renovadora (cheia dessa força que falo no titulo – não, da culpa ou do peso, que passa na mente de alguns sábios amigos leitores).

 

Frequentemente, a lágrima e a mente precisam de tempo para aceitar o que o coração já sabe; e para manipular ou contornar aquilo que se incorporou no enigma do inconsciente. Eventualmente, o coração titubeia, e faz passear nos olhos essa esperança que vagueia. A vida é um acervo e uma coleção de saudade, alegrias, dor e bom valor; e carece ser construída na perene esteira do amor transformador. A lágrima sagrada, salgada e sangrada pela lembrança de quem partiu, não é sinal de imperfeição, moleza ou desalento; é força, que precisa ser razão da construção do mundo que mudou, e nunca mais terá o falar daquele alento. Algumas vezes, ao rememorar a face do meu irmão (que partiu para a estação celestial), percebo o relevo dessa necessidade, de amadurecer, calar ou conversar pelo choro; não de ser julgado pelo pensar alheio, ou sentir-se ter a idade de um adulto imaturo que cresce ou aprende com seu devaneio. Achemos força e amor em tudo; nesse tudo que vale a pena viver, para fazer valer, a pena de morrer.

 

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