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Bordetella parapertussis ressurge como causa de doença respiratória em crianças

Um menino de 4 anos de idade, se apresentou em um centro de atendimento de urgência, com história de 2 semanas de coriza e tosse. O médico assistente suspeitou de uma tosse pós-viral, mas a mãe da criança não estava convencida. Os testes para SARS-CoV-2, influenza e vírus sincicial respiratório, realizados no início da semana no consultório do pediatra, foram negativos. Por insistência da mãe, um painel respiratório expandido foi solicitado, e revelou um resultado surpreendente: a bactéria Bordetella parapertussis.

 

 

Assim como B. pertussis, que causa a Coqueluche, a B. parapertussis pode causar uma tosse prolongada, caracterizada por paroxismos de tosse, convulsão e vômitos pós-tosse. O teste é a única maneira de distinguir com segurança entre as duas infecções. Em geral, a doença causada por B. parapertussis tende a ser mais branda do que a coqueluche típica, e os sintomas geralmente não duram tanto. Em um estudo, 40% das pessoas com B. parapertussis não apresentaram sintomas. B. parapertussis não produz toxina pertussis, e isso pode afetar a gravidade da doença. Raramente, as crianças podem ser coinfectadas com B. pertussis e B. parapertussis.

 

 

A carga de B. parapertussis nos Estados Unidos não é bem descrita, porque apenas os casos de coqueluche causados por B. pertussis, são reportáveis aos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. No entanto, alguns estados incluem casos em relatórios públicos, e surtos foram relatados. Historicamente, a doença tem sido cíclica, com picos de casos a cada 4 anos e sem sazonalidade.

 

 

Este ano, algumas comunidades estão vendo um aumento nos casos de B. parapertussis. Até 11 de junho deste ano, 40 casos de B. parapertussis e nenhum caso de B. pertussis, foram identificados no Norton Healthcare em Louisville. Para comparação, um caso de B. parapertussis foi relatado em 2022, e nenhum caso foi relatado em 2021. Conversas sobre listas de doenças infecciosas sugerem que os médicos em outras comunidades, também estão vendo um aumento nos casos.

 

 

De acordo com Dr. Andi Shane, chefe da divisão de doenças infecciosas pediátricas da Emory University e Children’s Healthcare de Atlanta, um número incomumente alto de crianças com B. parapertussis foi identificado na área de Atlanta nesta primavera. “Felizmente, a maioria das crianças teve doença leve e, dessas, apenas, algumas precisaram de internação hospitalar”, disse o Dr. Shane.

 

 

De volta ao pronto-socorro, o clínico de plantão telefonou para a mãe da paciente, para discutir o diagnóstico de B. parapertussis. No momento em que o resultado do teste ficou disponível, o paciente estava assintomático. O clínico informou que a antibioticoterapia não foi indicada.

 

 

As recomendações de tratamento divergem para B. pertussis e B. parapertussis, e este é um ponto de ênfase para os médicos. O tratamento com antibiótico para a B. pertussis durante a fase catarral, pode melhorar a doença. O tratamento iniciado após a fase catarral tem pouco impacto nos sintomas, mas pode reduzir a disseminação para outras pessoas. Na maioria dos casos, o tratamento não é recomendado para B. parapertussis. Não está claro o quão bem os antibióticos funcionam contra este organismo. Os macrólidos, como a eritromicina e a azitromicina, utilizados no tratamento da tosse convulsiva, podem ter alguma atividade, juntamente com sulfametoxazol-trimetoprima e ciprofloxacina.

 

 

De acordo com a Academia Americana de Pediatria, o tratamento geralmente é reservado para indivíduos com risco de doença mais grave, incluindo lactentes, especialmente aqueles com menos de 6 meses de idade, idosos e pessoas imunocomprometidas. A antibioticoterapia profilática não é recomendada para a maioria das pessoas expostas a B. parapertussis, embora alguns especialistas em saúde pública também recomendem o tratamento de pessoas infectadas por B. parapertussis, em contato com crianças pequenas e outras com risco de doença grave.

 

 

Em relatórios epidemiológicos recentes, os pacientes com infecção por B. parapertussis receberam vacinação contra coqueluche apropriada para a idade, sugerindo que as vacinas contra coqueluche disponíveis, oferecem pouca ou nenhuma proteção contra essa doença.

 

As melhores estratégias de prevenção são semelhantes às eficazes contra outras doenças transmitidas por gotículas respiratórias. Pessoas doentes devem ficar em casa e cobrir a tosse quando estiverem perto de outras pessoas. Todos devem praticar uma boa higiene das mãos.

 

 

Referente ao artigo publicado em Medscape Pulmonary Medicine.

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