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As vacinas de reforço da COVID estão de volta. O que os cientistas dizem sobre a possibilidade de se vacinar

Em todo o Hemisfério Norte, as autoridades de saúde pública estão a apressar-se para lançar campanhas de vacinação contra a COVID-19 no Outono, para se protegerem contra uma nova onda de variantes do SARS-CoV-2. Na Inglaterra, as autoridades anteciparam a data de início da administração de um reforço atualizado para meados de setembro, cerca de um mês antes do planejado. Nessa semana, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA recomendaram reforços recém-formulados, para todas as pessoas com idade superior a seis meses.

 

Mas muitos países recomendam vacinas complementares apenas para aqueles com risco elevado de hospitalização ou morte, como aqueles com 60 anos ou mais. Onde isso deixa os milhões de pessoas que não estão nesses grupos de alto risco?

 

Os cientistas dizem que os jovens saudáveis e já vacinados, ainda terão alguma proteção contra doenças graves, se ficarem de fora desta rodada de vacinas. Mas os investigadores também dizem que mesmo para indivíduos que não pertencem a grupos de alto risco, um reforço reduziria o risco de uma nova infecção por SARS-CoV-2, embora passageira, e também ofereceria outras vantagens.

 

“Qualquer pessoa que tomar o reforço, será beneficiada”, diz o imunologista Rafi Ahmed, da Emory University, em Atlanta, Geórgia.

 

Reforço bem-vindo

Alguns países ofereceram doses de reforço, várias vezes desde 2021. Os Estados Unidos, por exemplo, lançaram doses de reforço pelo menos duas vezes para pessoas de baixo risco, e quatro vezes para pessoas de grupos de alto risco.

 

Mas o cálculo do reforço mudou, porque muitas pessoas já foram expostas ao SARS-CoV-2, de uma forma ou de outra. Na Inglaterra, por exemplo, mais de três quartos da população tinha sido vacinada ou infectada até meados de fevereiro. Em Pequim, mais de 90% das pessoas tinham sido infectadas até ao final de janeiro.

 

Agora, muitos países já não têm uma política de reforços para todos. O Reino Unido anunciou em agosto, que os reforços de outono seriam oferecidos apenas aos indivíduos mais vulneráveis, como adultos com 65 anos ou mais, além de profissionais de saúde. A França não recomenda um reforço no outono para pessoas que não pertençam a grupos vulneráveis. A Alemanha não está nem organizando qualquer campanha de reforço, embora recomende um reforço anual, para pessoas em grupos de alto risco.

 

Entre os que aderiram estão os Estados Unidos. Na terça-feira, cientistas independentes, que aconselham o CDC, votaram por 13 a 1, para recomendar o acesso universal à vacina atualizada.

 

Os benefícios do reforço atualizado “são esperados em todas as faixas etárias”, disse a epidemiologista do CDC Megan Wallace, com sede em Atlanta, aos conselheiros do CDC antes da votação. Os modelos experimentais preveem que mais hospitalizações e mortes são evitadas, quando o acesso universal é fornecido, do que quando os reforços são recomendados apenas para pessoas com 65 anos ou mais, disse ela.

 

Os investigadores geralmente concordam que, como o principal efeito do reforço é a prevenção de doenças graves, os indivíduos em grupos de alto risco, serão os que mais beneficiarão. “Para idosos, imunossuprimidos e pessoas com comorbidades, faz muito sentido receber o reforço, e eles provavelmente precisarão de mais de um por ano”, diz o imunologista Dan Barouch, do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, Massachusetts.

 

O afastamento do acesso universal ao reforço, no entanto, deixa que as pessoas que não pertencem a grupos vulneráveis decidam por si próprias, e os cientistas estão divididos sobre a melhor abordagem para esses indivíduos.

 

 

Vacinar ou não vacinar

Para as pessoas de baixo risco, o reforço “não as protege necessariamente contra doenças graves porque, para começar, não correm esse risco”, diz Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas do Centro Johns Hopkins para Segurança da Saúde em Baltimore, Maryland.

 

Mas ele e outros dizem, que os reforços podem atrasar a infecção por SARS-CoV-2, para aqueles com baixo risco de doença grave, embora a vacinação não bloqueie a infecção indefinidamente. Os reforços também podem encurtar um período de COVID-19, diz Ahmed, o que pode levar a uma redução na transmissão viral.

 

O epidemiologista Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota, em Minneapolis, diz que os indivíduos em categorias de baixo risco, devem poder optar por receber uma vacina. Ele cita um aumento no número de hospitalizações por COVID-19 em crianças pequenas nos EUA, argumentando que os pais podem ter justificativa para querer vacinar seus filhos. Mas ele também concorda, que é normal que indivíduos saudáveis, ignorem este reforço. Barouch diz que “há controvérsia” entre os especialistas, sobre se pessoas jovens e de baixo risco, deveriam tomar o reforço.

 

Outro fator complicador é o surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2, incluindo a descendente da Omicron BA.2.86, altamente mutada. O seu aparecimento levou as autoridades de saúde na Inglaterra, a acelerar a implementação dos reforços de outono, incluindo uma vacina atualizada que tem como alvo uma ramificação da Omicron chamada XBB.1.5, que prevaleceu em muitos países no primeiro semestre de 2022. As vacinas recomendadas nos Estados Unidos, também têm como alvo essa variante.

 

Resultados tranquilizadores

Os dados sugerem que, apesar das preocupações anteriores sobre a eficácia da vacina, o reforço atualizado será provavelmente eficaz contra a BA.2.86 e as suas variantes concorrentes. A Moderna anunciou na semana passada, que a sua vacina COVID-19 direcionada para XBB.1.5, também gera anticorpos contra BA.2.86 e outras variantes que estão em circulação. De acordo com um preprint publicado em 4 de setembro no bioRxiv, os anticorpos de pessoas infectadas com SARS-CoV-2, quando a variante XBB.1.5 estava em circulação, são ativos contra a variante BA.2.86. O estudo ainda não foi revisado por pares.

 

A equipa de Barouch avaliou pessoas que foram infectadas com a variante XBB, e descobriu que as suas respostas de anticorpos a todas as variantes, incluindo BA.2.86, aumentaram após a infecção. “Isso sugere que a vacina baseada em XBB.1.5, deve ser capaz de aumentar as respostas de anticorpos contra todas as variantes circulantes”, diz Barouch. O trabalho, publicado em 5 de setembro no bioRxiv, ainda não foi revisado por pares.

 

Referente ao artigo publicado em Nature.

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