Tortas e panelas

Quando uma porta se fecha precisamos encontrar, observar, aceitar e acreditar no brilho vindo das janelas que serão abertas. Numa grande parte das vezes, ficamos concentrados na batida da porta, na dor da parede que fechou, naquilo que não queríamos, no medo e na perda que não pensávamos ter, na angústia do inesperado, na ânsia da prisão, na saudade reticente, e no estacionar os SEs do passado no verde presente. O torto ou penso pensar que entorna e entorta nossa capacidade de mudar, precisa ser triturado; à mercê de não se obter o que necessita ser transformado..!! No psiquismo e no agir, mudemos o sentido da escassez para o senso da abundante fartura. Na bacia de nossas boas ações, na prática das virtudes, e no enlevo dos sublimes préstimos e valores, encontramos as janelas da solução. Abramos as portas do Espírito e o enlevo do bom-pensar, para fecharmos as fenestras dos temores e de tudo que nos faz lamentar. E onde entra na história a torta e a panela, se aqui nessa lição falo mais das portas e janelas..?? “A adversidade é uma má conselheira”; com frequência, porém, é nela onde se esconde a oportunidade; e é também da decisão, que migra ou se enclausura a força e o poder da necessidade e da renovação.

Talvez seja somente a imposição de um trocadilho leve, para decorar o que vale a pena saber, e o que jamais devemos esquecer – fecham-se portas e abrem-se janelas. Busquemos as soluções nos novos caminhos que se afiguram nas perdas; não enlouqueçamos. As portas que são trancadas e que nos obliteram no escuro do indesejado oferecem o aparecimento de novas janelas, múltiplas e facetadas, cheias de luz. Aprimoremos nossa consciência, mesmo perante a inquietude do sofrimento. Outro chamariz para despertar a mente de quem quer saber o segredo da vida, diz – jamais se comporte como se a janela alheia fosse sua porta, ou como se sua porta aberta viesse da feia janela, do outro que se fecha. Cada um de nós precisa ter um caminho a seguir; tem suas entradas e saídas, chegadas e partidas; portas e janelas (tortas e panelas) fechadas, abertas ou escondidas, pela sua própria (in)consciência. Precisamos sim, nos achegar próximos de quem nos faz bem, que sacia a nossa proficua criança adormecida, que aperfeiçoa em nós a confiança, que nos encaminha pelas veredas da lucidez, e que abre portas (portões) de temperança. A vida ensina que o movimentar-se fortalece a semente da harmonia e da desejada mudança; e traz paz, amor e esperança, carregadas com o tempero e com o poder da abundância, que a alma deve ter.

Do mesmo vento que abre ou fecha a porta, também é factivel de vir a força que escancara a janela; ainda que, muitas vezes, ventos não se cruzem ou sejam em si, a real simbologia da vida de todos os dias. Sintamos sim, o cheiro do ar, o mar de amor que a natureza nos dá, a alegria que vem em olhar para o amar, e viver tudo que nele há; até mesmo as provações que nos testam, as privações que nos tiram prazer, os porões da mente que temos medo de vislumbrar ou desfazer. Um dia, vi uma janela de reflexão num livro que falava sobre felicidade, que expressava assim: “as pessoas que não alimentam em si os recursos necessários para viver na relativa felicidade acharão execráveis todas as idades da existência”. Como está o sabor das tortas que fazemos nas panelas da vida? Encontremos as janelas da superação, da aceitação e da ressignificação quando as amargas tortas das perdas, das dores e dos temores baterem na porta do nosso pensar. O levantar, o sorrir, o viver e o sentir; o agradecer e o agradar; o louvar e o ver o entusiasmo do ser. Sintamos o cheiro do aroma do vento daquilo que nos apraz; estejamos em paz; percebamos a força da nobre magia da paciência e da alegria. O que somos nós, senão portas e janelas a se abrir ou se fechar; panelas e tortas a colorir ou degustar…!! É por aí, a filosofia das t(p)ortas e das p(j)anelas…

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