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Onda de calor: como os médicos podem agir?

Na última semana, as temperaturas médias brasileiras permaneceram no mínimo 5 °C acima da média esperada, por mais de cinco dias consecutivos, o que levou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a emitir um sinal de alerta. Apesar de morarmos em um país tropical e de estarmos acostumados com o calor, a alta temperatura por longos períodos pode trazer riscos à saúde.

 

Na sexta-feira, 17 de novembro, no show da cantora estadunidense Taylor Swift na cidade do Rio de Janeiro, mais de mil pessoas apresentaram sintomas de síncope e precisaram ser atendidas antes ou durante a apresentação. Uma jovem de 23 anos evoluiu para óbito, e o show da cantora no dia seguinte acabou por ser adiado.

 

Uma combinação de fatores como alta temperatura, permanência prolongada de pé em filas e na pista do estádio e hidratação insuficiente, gerou um cenário extremo e provavelmente foi a causa de tantas intercorrências. Nesse dia, a sensação térmica no Rio de Janeiro bateu recorde de quase 60 °C.

 

Quando o ar fica mais quente que a temperatura da pele, que normalmente é de 36 °C a 37 °C, ou se o suor não evapora, a temperatura central do organismo começa a subir gradativamente. Algumas pessoas são especialmente vulneráveis a isso, como idosos, crianças, pessoas com problemas renais, cardíacos, respiratórios ou circulatórios, indivíduos com diabetes, gestantes e a população em situação de rua.

 

Com a temperatura corporal mais elevada, o arcabouço enzimático do organismo deixa de funcionar bem. Os sintomas podem variar de cefaleia e sensação de mal-estar a quadros mais graves de exaustão, náuseas, vômitos, diarreia, alterações cutâneas, edema de membros inferiores, parestesias, alucinações e síncope.

 

Tendo isso em vista, o Ministério da Saúde elaborou um guia com orientações à população, no qual recomenda evitar exposição ao sol, aumentar a ingestão hídrica e buscar atendimento médico em caso de sintomas de hipertermia. Em algumas unidades de saúde brasileiras, o número de atendimentos chegou a dobrar na última semana.

 

 

Atendimento a pacientes com hipertermia

Ao atender a um paciente com hipertermia e/ou insolação, o principal objetivo é reduzir sua temperatura corporal de forma lenta e gradativa. Assim, é importante removê-lo para um local mais fresco, ventilado e sem incidência solar. Dentro do possível, as roupas do paciente devem ser retiradas.

 

O resfriamento pode ser feito de diferentes formas: banho de imersão em temperatura ambiente, envolvimento da pele com toalhas frias e úmidas, aplicação de toalhas com gelo na região da fronte, axilas e virilha, dentre outros. O nível de consciência do paciente e a presença ou não de lesões cutâneas por insolação podem influenciar a decisão entre um método ou outro.

 

O objetivo é reduzir a temperatura corporal para valores menores de 39 °C. Há evidências de que a temperatura corporal maior ou igual a 40 °C, está associada a lesão neurológica, que pode se manifestar com sintomas como confusão mental, convulsões e rebaixamento do nível de consciência.

 

No caso do paciente consciente, água ou outro líquido não alcoólico podem ser oferecidos por via oral, em temperatura fria ou gelada. No entanto, é preciso destacar que, além da perda hídrica, é esperada também perda eletrolítica, especialmente de sódio. Nesse caso, pode ser realizada reposição com solução salina isotônica intravenosa ou com sais de reidratação oral.

 

Um estudo recente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) evidenciou que, nos últimos 30 anos, o número de dias com ondas de calor subiu de 7 para 52. Podemos prever, portanto, que casos de adoecimento pelo excesso de calor vão se tornar mais frequentes, e os profissionais da saúde precisam estar atualizados para orientar sobre medidas preventivas e atender às intercorrências.

 

Referente ao artigo Medscape Pulmonary Medicine.

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