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ARTIGO: Representatividade médica estudantil

Doar-se, por qualquer que seja o motivo, nunca é fácil. Doar-se em nome de um coletivo, talvez seja mais complexo ainda. Por vezes são escassas as recompensas e árduas, demais, as batalhas. Mas alguém já disse que talvez mais importante que o fim, seja a jornada, e isso foi o que sempre pautou minha trajetória no movimento estudantil. Durante os anos vividos na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, talvez o mais desafiador tenha sido representar uma classe tão heterogênea, seja em pensamento político, condições socioeconômicas (mais discrepantes após a instauração recente de políticas públicas de acesso à universidade) ou nível de engajamento com os problemas do nosso centro.  É desafiador mas é necessário.

Fui presidente do Centro Acadêmico XII de Maio durante anos duros da nossa macropolítica nacional, também reestruturei, junto a estimados colegas, a Associação Atlética da Faculdade. Atividades que, por si só, já seriam exaustivas, porém acrescidas de um cenário de terra arrasada, fruto de um abandono político crônico que vários centros de ensino médico enfrentam. É como se após os longos seis anos de formação, não fôssemos formados para sermos seres políticos e sim, apenas, médicos. Como todos sabem, isso é impossível. E é exatamente aí onde entra a necessidade da representatividade de classe, mediante uma postura universitária que muitas vezes exclui o corpo discente de decisões cruciais para o desenvolvimento dos próprios estudantes. O bombardeio técnico/acadêmico; a carga horária exaustiva e o desinteresse sobre questões cotidianas por alunos, muita vezes, ensinados por toda vida a somente estudar é constantemente testado por questões políticas complexas como reformulação de plano pedagógico, assistência estudantil, programática de extensão, proposição de greves e conflitos da área médica.

Noto que o desinteresse vem, lenta mas felizmente, dando lugar a uma crescente vontade discente de compreender o processo acadêmico como formador não apenas de tecnicistas mas de cidadãos comprometidos com o bem estar social. Seria óbvio demais destacar como esse comprometimento é essencial à profissão que nos dignificamos a aprender porém, nunca é repetitivo. O engajamento estudantil dentro dos problemas de sua própria universidade cria e aperfeiçoa habilidades importantíssimas dentro da prática médica: Empatia, liderança, habilidades de comunicação, organização, comprometimento em identificar soluções, entre uma gama infindável de atributos relacionados à inter e intrapessoalidade. 

Digo sempre a quem conversa comigo sobre meus anos de acadêmico: Doe-se sempre, não seja nunca metade em nada do que você faz. Seja um agente ativo da mudança que você quer ver,  por onde quer que você passe. É desafiador mas é necessário.

 

 

Sobre o autor:

Dr. Alex Lopes Whyte é Diretor clínico do Hospital Municipal de Varjota e Médico da estratégia de saúde da Família. Ex Presidente do Centro Acadêmico XII de Maio e Ex Presidente e membro honorário da Associação Atlética da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

 

 

 

 

 

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