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A História e a Revolução Francesa

Jules Michelet (1798-1874) Historiador francês.

 

A desagregação de um sistema muito bem articulado, como era o absolutismo na França, só foi conseguido através da “Revolução Francesa” que, por outro lado, teve, também, um papel decisivo na História.

A Revolução Francesa deu origem a um poderoso movimento intelectual liderado por alguns historiadores como: François Guizot (1787-1874), Augustin Thierry (1795-1856), Adolphe Thiers (1797-1877) e Jules Michetet (1798-1874), entre outros.

Filho de um artesão gráfico, Michelet foi doutor em letras aos 21 anos. Em 1838, entrou para os “Arquivos Nacionais” e começou a lecionar no Collège de France, onde seus cursos obtiveram enorme sucesso.

A partir de 1825, publicou diversas obras, entre as quais: Introduction a L’histoire Universelle, onde expôs sua concepção de História. Após 1840, começou a pregar idéias democráticas e anticlericais. Preparou sua “Histoire de la Revolution Francaise”, que apareceu de 1847 a 1853. Retomou sua Histoire du XIXe siècle que, com sua morte, não pôde ser concluída.

A obra de Michetet fundamenta-se em uma documentação rigorosa. Ele não dissimula paixões: ódio aos reis e a Igreja, amor ao povo. Criticado pelos positivistas, contestado pelos partidários de Charles Maurras (1868-1952) e pelos Marxistas, Michetet foi reabilitado pela Escola dos Annales.

Segundo Lucien Febvre (1878-1956), um dos criadores da Escola dos Annales,

“A História e o estado de espírito que ela devia engendrar nasceram desses grandes movimentos de fluxo e refluxo, que, na sua alternância, descobrem em nossa França ora praias secas, nuas, bem lavadas pelas ondas, banhadas de luz fria, igual e sem mistério; ora praias encharcadas de umidade…”

Foi em fins do século XVIII, que este terreno fértil propiciou aos historiadores uma atmosfera encorajadora para que a História pudesse desabrochar. Assim, a Revolução Francesa agiu de duas formas na gênese da História: direta e positivamente e indireta e negativamente.

Vamos ver como isto foi abordado por Febvre. Segundo ele, o que a Revolução fez foi fundamental e positivo à medida que promoveu o povo à dignidade de agente e de sujeito da História. Até então, e por muito tempo, o historiador era o mais fiel contador dos feitos dos reis, de suas vitórias, suas conquistas, tornando a História unilateral, voltada para o poder. Ao historiador cabia escrever para agradar à classe dominante.

Durante a Revolução Francesa pessoas comuns e anônimas emergiram da massa como: Roland, Desmoulins, Danton, Robespierre e outros; até o pequeno Bonaparte.

Nesta fase não houve usurpação do trono e nem substituto do rei, mas, sim, a nação tomando o poder na França. Febvre faz grande apelo ao nascimento da nação que, em 1789, com o desmoronamento do absolutismo, assumiu a qualidade de sujeito da História.

Assim, a Revolução Francesa constituiu uma nova ideologia que fez perecer o “Antigo Regime” e promoveu a “Nova História”.

Como a Revolução Francesa agiu indireta e negativamente? Febvre explica: Quando há uma revolução rompemos com o passado. E como este estava mal sedimentado na consciência dos homens daquela época, houve esta ruptura. Exemplificando: Logo após a decapitação de Luis XVI, supõe-se que todos já haviam esquecidos os Bourbons na França.

As gerações entre 1780 e 1800 foram bastante sacrificadas. A ruptura com o “Antigo Regime” reprimiu qualquer manifestação relacionada ao passado. O silêncio era a palavra de ordem.

Temos, finalmente, após esse período, a geração que, em 1815, criou a “História Nova”. Edgar Quinet, historiador francês, cita as dificuldades que sofreu quando, em sua infância e juventude, se reportava ao passado, na escola e na família. Todos eram obrigados a conviver com o silêncio, em um período em que a tradição nas famílias era oral e a cultura era quase inexistente.

Os pais preparavam os seus filhos para serem recrutados para o exército de Napoleão. Até que um dia, a derrota de Waterloo, fez a França, novamente, e com mais força, ser sacudida.

No pós-Waterloo vemos, naquele “fluxo e refluxo” da História, outro período propício para um novo renascimento de gênios, homens de talentos e consequentemente da História.

 

dra. ana

 

 

Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e conselheira do Jornal do Médico.

 

 

 

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